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Crime institucional causa bilhões de prejuízos aos brasileiros e é alvo da Lava Jato

Crime organizado perde para a corrupção institucional em números à nação, revelam estudiosos durante simpósio

Por Cláudio Rangel em 23/11/2018 às 22:21:18

Presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen Leal, abre o Simpósio contra Corrupção (Foto: Bianca Gens/FGV)

Quem acha que o crime organizado é o pior problema de segurança e financeiro enfrentado pelos brasileiros, está enganado. O crime institucional é o que causa maior prejuízo, que pode chegar a 5% do PIB nacional e é de difícil combate devido à imunidade parlamentar. Os dados foram apresentados na primeira parte do Simpósio Nacional de Combate à corrupção promovido pela Fundação Getúlio Vargas no Rio.

Durante a abertura, o presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen Neto, falou da percepção que o povo tem sobre a corrupção. Antes, pessoas de poder aquisitivo baixo questionavam o fato de que os grandes empresários nunca eram pegos. Para Carlos Ivan, isso mudou:

“Hoje, o foco da lava jato está ligado a obras civis, focado em empreiteiras, e uma parte, na Petrobras”, disse.

O presidente da FGV acrescentou que para cada ministério existe uma empreiteira a realizar trabalhos, o que abre portas à corrupção. Citou um episódio em uma administração em que uma compra de determinado produto para uma organização custou 50% mais barato do que em administrações anteriores. “Poderia ser que o vendedor fosse experto e o comprador tolo. Mas também pode ter havido corrupção”.

Diante dos casos revelados pela Operação Lava Jato, Carlos Ivan disse que é fácil ser empresário de sucesso com contratos desse tipo. Difícil é ser empresário de sucesso no mercado.

 “A Social Democracia foi um fracasso no Brasil por causa da corrupção. Fico revoltado quando o dinheiro dos impostos é usado para compra de joias e viagens de helicóptero desnecessárias”.

Agentes da propina

Érika Marena, superintendente da Polícia Federal de Sergipe, mostrou indignação em relação aos agentes públicos que confessam terem recebido propina:

“Para nós, quando uma autoridade pública confessa que recebeu propina é um impacto muito grande. O que espero é que haja um inconformismo por parte da população não é positivo ver que pagamos por impostos e serviços são ruins”.

O primeiro painel sobre a percepção da corrupção e os prejuízos por ela causados, foi mediado por Fernando de Pinho Barreira, perito criminal e diretor da Jornada internacional de investigação Criminal. Ele apresentou Márcio Adriano Anselmo, delegado da Polícia Federal e coordenador geral do Combate à Corrupção da Polícia Federal, que disse que, em relação à percepção da corrupção, o Brasil está em 37º lugar entre 180 países do ranking, em 2017.

Mas não foi sempre assim. Em 2012, o país ocupava a 43ª posição entre os países que mais percebem a corrupção em seu território. O ranking é liderado pela Noruega e Países Nórdicos, graças a instituições mantidas nesses países voltadas para o combate à corrupção. Em último lugar está a Somália.

Outra constatação das pesquisas apresentadas no Simpósio é a falta de confiança do brasileiro na democracia do país. O índice caiu para 22%, o mais baixo já computado.

Os casos de corrupção contribuem fortemente para este descrédito. Percebe-se que o crime institucional está presente na vida nacional desde 1993, como indicam manchetes de jornais. O painel cita um estádio construído para a Copa do Mundo por R$ 1,6 bilhões em 2016. Em um ano, o lucro do estádio foi de R$ 1,371 milhões no primeiro ano. Para recuperar o investimento serão necessários 1167 anos de atividades.

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