Hamburgueria paulista ironiza lei Maria da Penha e cria polêmica sobre o assunto

A Kau Hamburgueria, localizada na cidade de Salto, no interior de São Paulo, virou alvo de uma grande polêmica. Depois da sua reinauguração, no dia 14 de novembro, algumas pessoas perceberam que no cardápio do estabelecimento havia um lanche que ironizava a Lei Maria da Penha. O conteúdo que descrevia o hambúrguer destacava a parte “olho roxo” do ingrediente repolho roxo. Rapidamente, uma imagem identificando o vacilo passou a circular na rede.

Michelle Duarte, estudante de direito e ativista do Coletivo Juntas!, foi uma das pessoas que verificou a brincadeira de mau gosto. Ela contou que recebeu as imagens de um amigo e foi ao site oficial para conferir. Michelle printou a página com o nome “Maria da Penha” e também a imagem de quando a empresa mudou a identificação do lanche para “Censurado”.

“Achei uma falta de sensibilidade com milhares de mulheres que diariamente são agredidas de forma física e psicológica. Assuntos como este não devem ser tratados como uma piada. E o pior, quando foi indagado, o proprietário alegou que a polêmica era vitimismo das mulheres se sentirem ofendidas”, contou a estudante.

Após o ocorrido, as publicações da fanpage da Kau viraram um palco de debates sobre o tema. Nos comentários dos post´s comerciais, muitos usuários condenaram a atitude da hamburgueria.

Para a advogada Ingrid Almeida, se a intenção era criar de maneira amistosa um prato polêmico, a banalidade de uma coisa séria ultrapassou os limites do respeito ao próximo. Principalmente, as mulheres.

“A Lei Maria da Penha não só possibilitou a prisão do agressor por violência física doméstica, mas também por violência moral. Logo, percebo que relativizar o assunto, é tentar ignorar os inúmeros casos que diariamente assombram a sociedade brasileira”, afirmou a jurista.

Em uma nota oficial, publicada no perfil pessoal do empresário André Buzzo, um dos responsáveis pela loja, houve um pedido de retratação pelo fato. A reportagem tentou contato com os responsáveis para esclarecer o problema, mas até o fechamento da matéria não obteve resposta. Atualmente, o post está bloqueado para o público. Confira: