A procuradora-geral de Mesquita, Cláudia da Silva Deveza Dantas, é investigada por abuso de poder no exercício do cargo. Segundo denúncia oferecida pelo Ministério Público (MPRJ), ela usa carro alugado pela Prefeitura desde 31 de maio de 2022, junto com outros veículos, por R$ 856.440. Trata-se de um Voyage branco, de placa RKV3C83, conforme denúncia a que a reportagem teve acesso. O salário de Cláudia na Procuradoria-Geral do Município é de R$ 12 mil.
Além do carro, ainda segundo a denúncia, a procuradora faz uso de motorista e combustível, tudo pago com dinheiro do contribuinte. O motorista buscaria Cláudia no condomínio onde ela mora, no bairro de Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Depois de buscá-la, o carro inicia o deslocamento para Mesquita, em um trajeto de mais de 70 quilômetros de distância entre ida e volta. De acordo com a denúncia, o carro já deve estar à espera da procuradora com o ar condicionado ligado, conforme ordem expressa dela.
Caso a procuradora deseje, o motorista deve mudar a rota para atender a demandas particulares de Cláudia. A partir de imagens divulgadas pela denúncia, na primeira semana de junho, após sair do condomínio, o carro parou em frente a um armarinho na Rua dos Cisnes, em Campo Grande, aumentando o deslocamento e o consumo de combustível. No local, a procuradora comprou produtos pessoais sem vinculação com o trabalho que exerce na Prefeitura.
Além disso, o motorista é obrigado a parar na Avenida Brasil, na altura do vizinho Bangu, em frente ao Motel Palazzo, para buscar a amiga e procuradora Aline Tavares, que ocupa cargo por indicação de Cláudia. O denunciante explica que isso ocorre com frequência. O motorista é obrigado a carregar as bolsas de Cláudia, comprar lanches para a equipe dela e fazer qualquer outro serviço para fins pessoais da procuradora, o que configuraria abuso de poder. Ele é obrigado também a parar o carro na porta da prefeitura e não no estacionamento, para que a procuradora ande menos até sua sala na Procuradoria-Geral do Município. O carro com as procuradoras chega na Prefeitura de Mesquita por volta das 11 horas da manhã.
Deboche
Em postagem no grupo de secretários municipais, Cláudia debochou da situação: “Preciso de um (carro) de luxo para sair nas fotos”. Em 2002, ela tinha sido foi denunciada, junto com os então deputados estaduais Aluísio de Castro e José Leite Nader, além do ex-secretário estadual de Saúde, Astor Pereira de Mello, pelos crimes de associação criminosa, desacato, peculato e prática de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, em processo sobre desvio de recursos destinados à manutenção de hospitais públicos.
A denúncia está sob análise da 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Nova Iguaçu. Nem a Prefeitura, nem Cláudia Dantas se manifestaram sobre as denúncias.
Assista, no vídeo abaixo, a vídeo feito de forma anônima por servidor público do Município de Mesquita.