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Em meio a polêmicas, Mais Médicos inicia nova fase

Estado do Rio só recebeu dois profissionais do programa

Por Robson Machado em 27/11/2018 às 14:50:53

Apenas dois médicos do programa estão atuando no estado do Rio de Janeiro, ambos no município de Nova Friburgo. Foto: Divulgação

Em meio a divergências de posicionamento, inclusive entre o futuro ministro da saúde e o presidente da República eleito, o Mais Médicos avança na tentativa de substituir os profissionais cubanos que abandonaram o programa, por ordem de Cuba. De acordo com o último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, nesta segunda-feira (26), 224 médicos contratados através do edital criado excepcionalmente para preencher as vagas deixadas pelos cubanos já se apresentaram para o trabalho. O número, no entanto, ainda é muito baixo.

Depois de uma semana da publicação do edital, 8.278 profissionais se cadastraram para participar dessa nova fase do Mais Médicos. A procura equivale a 97,2% das vagas disponíveis. Esses profissionais já foram aprovados no processo seletivo e estão aptos a darem início ao trabalho. Os médicos têm até o dia 14 de dezembro para se apresentarem nas unidades de saúde onde vão atuar. Como ainda restam vagas, as inscrições foram prorrogadas e estarão abertas até o dia 7 de dezembro.

Futuro Ministro da Saúde X Presidente da República eleito

Assunto polêmico desde a campanha presidencial que elegeu Jair Bolsonaro, o Mais Médicos tem divido opiniões dentro do próprio governo que se inicia em 1º de janeiro. A orientação do presidente eleito é que os médicos cubanos que desejarem continuar trabalhando no Brasil tenham que revalidar o diploma. Já o futuro ministro da saúde do governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, entrou no embalo da declaração do chefe e sinalizou com a intenção de também exigir dos médicos brasileiros o chamado Revalida. Mas Bolsonaro logo tratou de rechaçar a ideia de seu ministro:

"Ele (o futuro ministro Luiz Henrique Mandetta) está sugerindo Revalida com certa periodicidade. Sou contra porque vai desaguar na mesma situação que acontece com a OAB. Não podemos formar jovens no Brasil - cinco anos, no caso de bacharéis em direito - e depois submetê-los a serem boys de luxo em escritórios de advocacia", declarou o presidente eleito, em entrevista coletiva.  

Mas mesmo depois da fala de Bolsonaro, Mandetta firmou posição. O futuro ministro da saúde defende a aprovação de um marco regulatório para a medicina. As novas regras obrigariam os médicos a passarem por reavaliações periódicas. Isso impediria que profissionais que estão sem atuar há muito anos voltem ao mercado sem precisar provar que ainda estão aptos para o exercício da profissão. A exigência é comum em alguns países. Por aqui, o Senado Federal ainda discute a proposta.

Nossa reportagem perguntou à AMB, Associação Médica Brasileira, qual é o posicionamento da instituição diante da intenção sinalizada pelo futuro ministro da saúde. A AMB não respondeu ao nosso questionamento, mas em sua página oficial na internet, a associação defende a criação do exame periódico para reavaliação de médicos brasileiros formados.  Confira a nota da AMB na íntegra:

 "Audiência Pública sobre o Projeto de Lei do Senado n° 165, Exame Nacional Obrigatório de Proficiência em Medicina, foi realizada hoje (20/11) pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte. Representando as entidades médicas estiveram presentes José Luiz Dantas Mestrinho, Vice-Presidente da Região Centro da Associação Médica Brasileira, Lúcio Flávio Gonzaga Silva, Coordenador da Comissão de Ensino Médico do Conselho Federal de Medicina e Juracy Barbosa, Presidente da Associação Nacional dos Médicos Residentes.

Mantendo a diretriz fechada durante o ENEM, todos defenderam a criação do exame, com base nas dificuldades do ensino médico pós abertura indiscriminada de Escolas Médicas, destacando o desempenho aquém do desejado de egressos dos cursos de Medicina nas provas do CREMESP e na prova da AMRIGS. Os representantes trouxeram à luz os diversos vieses da situação, oferecendo este conhecimento à CECE para sua avaliação na votação que se seguirá."

Mais Médicos no Rio de Janeiro

Das cerca de 8.500 vagas disponibilizadas nesta etapa do programa Mais Médicos, pouco mais de duzentas são destinadas ao Estado do Rio de Janeiro. Depois de uma semana de inscrições e da adesão de 8.278 profissionais, dos 224 médicos que já se apresentaram em seus respectivos locais de trabalho, apenas dois estão atuando no estado do Rio de Janeiro, ambos no município de Nova Friburgo, na Região Serrana. O edital do programa oferece vagas em 2.824 municípios espalhados por todo o país, mas apenas 118 já receberam os novos profissionais. O programa Mais Médicos oferece um salário de R$ 11.800,00.



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