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Estudante de São João de Meriti busca recursos para estudar em universidade americana

Lorena Drumond Teles criou um financiamento coletivo na internet e pede ajuda

Por Anderson Madeira em 24/06/2022 às 20:27:23

Foto: Divulgação

Com apenas 19 anos, Lorena Drumond Teles, moradora de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, conseguiu um feito que é sonhado por todos os estudantes brasileiros: ser admitido para estudar em uma universidade estrangeira. No caso dela, foi admitida em 25 instituições nos Estados Unidos, juntando mais 500 mil dólares para cursar bacharel em Ciências da Saúde, um curso de pré-medicina. Mas, para viajar aos EUA e se manter por lá, precisa de recursos, até porque a bolsa cobre somente 70% do valor. Para isso, ela criou um financiamento coletivo na internet e pede ajuda.

Esse ano, ela concluiu o curso técnico integrado ao Ensino Médio em Biotecnologia na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no bairro de Manguinhos, zona norte do Rio. Começou em 2018 e deveria ter sido concluído no ano passado, mas devido à pandemia, fez quatro anos e quatro meses de Ensino Médio.

“Eu quero ser neurocirurgiã e neurocientista focada na área de inteligência artificial. Minha avó tem Alzheimer e desde os meus 13 anos tenho pesquisado de forma autônoma uma maneira de curar essa doença. Acredito que me formando médica tenho mais chance de ter mais visibilidade e credibilidade quanto a isso”, conta Lorena.

O sonho de estudar fora é antigo. “Meus pais sempre me incentivaram a pensar fora da caixinha e, desde cedo, penso em estudar no exterior. Porém, com o falecimento do meu pai, eu acabei perdendo um pouco o foco nos estudos. A chama só voltou a reacender porque eu recebi uma brochura da UCL (University College London) em junho do ano passado e me interessei novamente no assunto”, explica a estudante. “Sempre quis estudar no MIT (Massachusetts Institute of Technology), mas infelizmente não fui aceita. Então fui escolher entre umas das opções na qual tinha sido aprovada”, lembra.

O ingresso em uma universidade americana é diferente do Brasil, onde os estudantes fazem prova no Enem e, dependendo da pontuação, conseguem vaga em um determinado curso de alguma instituição.

“O processo seletivo é um pouco diferente do que nós conhecemos aqui no Brasil por se tratar de uma admissão holística, ou seja, que não olha somente para as notas. Eles tem um 'vestibular' chamado SAT, um exame padronizado de inglês e matemática que engloba diversas matérias de história, ciências e interpretação. No entanto, por estarmos em pandemia, eu consegui ser admitida sem fazer o SAT. Foi somente baseado nas minhas notas e nas minhas atividades extracurriculares. Nos próximos anos esse vestibular vai ser obrigatório novamente para entrar nas faculdades, além de teste em proficiência em inglês (TOEFL, IELTS ou o DET)”, explica Lorena.

“Ano passado eu tive a oportunidade de criar e participar de alguns projetos sociais e também estar engajada com ações escolares que me ajudaram bastante com essas questões extracurriculares. O primeiro projeto foi de maneira remota e está em processo de reforma. O English for Everyone tem o objetivo de democratizar o acesso à educação da língua inglesa para jovens de todo Brasil. Nós atendemos mais 30 jovens em situação de vulnerabilidade social e que querem expandir seu conhecimento na língua. Outra participação notável que tive foi dentro do PerifEduca, uma ONG destinada a alunos de periferia e minorias para democratizar o acesso à educação, além de uma ação social de disseminação de informações sobre saúde e vacinação em Magalhães Bastos”, cita Lorena sobre as ações sociais que a ajudaram a obter a bolsa.

No dia 15 de março deste ano, quando recebeu uma resposta negativa do MIT, recebeu uma carta de aceitação para estudar na Stetson University, em DeLand, na Flórida. Junto ao documento, uma bolsa de estudos de 70% ao ano, no total de 45 mil dólares por ano, ou seja, 180 mil dólares durante os quatro anos da faculdade, praticamente R$ 900 mil em bolsas de estudos. Porém, o custo anual para custear todo o curso é de 71.909 dólares, o que significa que a estudante precisa pagar 26.909 dólares por ano, referente à anuidade, alimentação, moradia, livros, transporte e outras despesas.


A família de Lorena é pobre. A mãe, viúva, é beneficiária do INSS. “Tenho trabalhado para ajudar a minha família a complementar a renda durante todo o Ensino Médio”, conta a estudante. Ela começou a procurar outras alternativas.

“Há alguns dias, fiz minha inscrição em dois programas de bolsas que ajudam estudantes brasileiros a estudar no exterior e também iniciei uma vaquinha para arrecadar fundos para custear meu primeiro ano de permanência na universidade. Me comprometo a trabalhar e buscar outras bolsas para custear os outros três anos, mas por questões burocráticas da universidade, alunos de primeiro ano precisam pagar o valor total. Me comprometo também a ajudar outros estudantes brasileiros que buscam uma aprovação em universidades no exterior, através de orientação e mentoria”, explica Lorena. Em troca do patrocínio, ela promete dedicar esforços a levar mais estudantes para representar não só São João de Meriti, mas também o estado do Rio de Janeiro.

A estudante conseguiu arrecadar até o momento mais de 4 mil reais. “Por eu ser o apoio da minha mãe e minha irmã, não consegui desenvolver cursos extracurriculares de grande impacto, por isso não consegui aumentar mais minha bolsa. Consegui arrecadar o equivalente a 4.196 reais desde que comecei a minha campanha, há um mês e meio atrás, mas utilizei mais de 2.500 reais para pagar algumas taxas da universidade. Atualmente, tenho em conta 1758 reais e até 15 de julho para conseguir pelo menos 10 mil reais. Fora isso, não tenho período para fechar a campanha, pois estou parcelando o valor que sobrou com a universidade”, diz Lorena.

Ela pretende ainda começar a vender brigadeiro para arrecadar mais dinheiro. Porém, no momento ela e filha estão com gripe e o começo das vendas foi adiado. “A onda de gripe está forte por aqui e também minha mãe foi diagnosticada com a bactéria H Pilory, que é altamente contagiosa caso divida pratos, talheres e itens pessoais que tenham contato com as vias fecal-oral. Além disso, eu sofro de crises de ansiedade muito fortes que me incapacitam de realizar atividades básicas. Devido à pressão e a falta de dinheiro, estou passando por isso no momento. Tenho procurado empregos também, mas infelizmente para os jovens sem experiência não tem muito lugar no mercado de trabalho”, explica.

Para conseguir a vaga na Stetson, enviou um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com tema sobre adventos do consumo em meio à América Latina: o papel do consumismo na formação do indivíduo contemporâneo.

“Eles comentaram bastante sobre minha eloquência e capacidade de dissertar sobre assuntos complicados sendo tão jovem e que era um tópico legal que deveria ser abordado com mais frequência”, recorda Lorena.


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