Nesta segunda (3), a Comissão Especial do Carnaval da Câmara Municipal do Rio de Janeiro promoveu uma audiência pública para debater sobre o papel do carnaval na luta pelo direito à cidade, inclusive foi apresentado o relatório deste ano chamado de “Mais carnaval, menos ódio”. O conteúdo deste documento traz artigos de especialistas do tema e propostas para a festa do Momo, investimento para a construção de banheiros públicos fixos nas principais vias da cidade, assegurar que os ensaios técnicos gratuitos aconteçam e proibir que ingressos sejam oferecidos a parlamentares, como atualmente é feito.
O presidente da Comissão, o vereador Tarcísio Motta, do PSOL, informou que não havia quorum, pois a vereadora Verônica Costa, do MDB, que também pertence à comissão, não poderia participar e completou dizendo que por uma questão de formalidade seguiria com o tema do debate, entretanto não seria uma audiência pública e sim um debate público. O parlamentar prosseguiu com o debate refletindo sobre o papel da cidade e da administração municipal diante do carnaval, os desafios e a questão maior que motivou a audiência: qual seria o papel do carnaval na luta pela direito à cidade em tempos de ascensão do ódio, da intolerância e do preconceito.
Para responderem essas questões estiveram presente, o historiador e pesquisador do carnaval, Luiz Antonio Simas; a jornalista Luise Campos; o jornalista Alvanísio Damasceno, que também estava representando o bloco Carmelitas, do qual é presidente, e a Associação Independente de Blocos da Zona Sul, Santa Teresa e Centro da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro (Sebastiana); Maria Lourdes do Carmo, do Movimento Unidos dos Camelôs (Muca); e Aisha Jacob, do Não é Não, movimento contra o assédio no carnaval.
Este foi o segundo ano de atuação do funcionamento da comissão especial que em 2017 lançou o “Carnaval é direito” e para 2018 foi apresentado o “Mais carnaval e menos ódio”. O parlamentar comentou sobre o comportamento que a administração municipal vem tratando o carnaval, muitas vezes atacando do que enxergando como um patrimônio cultural da cidade do Rio de Janeiro. Segundo o vereador, de todas as recomendações feitas à administração do Crivella ano passado, nenhuma foi cumprida e este ano, essas mesmas recomendações foram cobradas.
“O carnaval, portanto não é a festa da alienação como os discursos em geral de viés moralista querem fazer crer. O carnaval, sobretudo sempre foi uma festa que colocou as questões mais relevantes sobre a cidade, sobre o cotidiano e sobre o país em questão. A idéia do carnaval como uma festa que tem sim o lado político muito forte ela é contundente”, afirmou o historiador, Luiz Antônio Simas.
A jornalista Luise Campos lembrou sobre o corte de parte da verba que as escolas de samba recebiam, porque o prefeito alegou que era preciso tirar o dinheiro do carnaval e repassar para as creches públicas. Na opinião da jornalista, o prefeito teria um projeto de extinção das manifestações da cultura popular da cidade.
Ao final do debate, houve uma roda de samba com o grupo Samba que Elas Querem, mais Marina Íris e convidados para celebrar o Dia do Samba, em um palco montado em frente à Câmara.