Quem chegar ao Palacete Princesa Isabel, em Santa Cruz, entre os dias 2 e 13 de agosto, vai poder mergulhar numa jornada de identificação pessoal, social e de resgate da memória cultural através da obra de Cândido Portinari.
Reconhecido recentemente como bairro imperial, por ter abrigado a casa de veraneio da coroa portuguesa, o bairro será a primeira locação da exposição itinerante “Portinari Arte e Meio Ambiente”, que levará réplicas em altíssima resolução de 22 obras do pintor, com temas relacionados ao meio ambiente e à natureza brasileira, às crianças e jovens daquela região.
Esta será a primeira parada da exposição “Portinari e Meio Ambiente”, que passará por seis locações do Rio de Janeiro: Santa Cruz, Rocinha, Pavuna, Laranjeiras, Madureira e Duque de Caxias e tem como principal objetivo democratizar o acesso ao acervo do pintor. Além de aproximar o acervo de Candido Portinari às mais diversas regiões e realidades brasileiras- atendendo a comunidades, instituições públicas e privadas de ensino e espaços culturais e organizações não governamentais-, as exposições itinerantes idealizadas pelo Núcleo de Arte Educação do Projeto Portinari realizam atividades com crianças e jovens, utilizando diversas técnicas e linguagens da arte como forma de ampliar o diálogo, gerar empregos locais e aproximar públicos plurais ao acervo de Portinari, de maneira reflexiva, criadora e lúdica.
As próximas fases da exposição serão na Biblioteca Parque da Rocinha (de 14 a 27/8), Museu do Grafite, na Pavuna (de 18/08 a 10/09), Instituto Nacional de Educação de Surdos, em Laranjeiras, onde serão realizadas experiências sensoriais com as obras (de 11/09 a 24/09), Ekballo, em Madureira (de 25/09 a 8/10) e fechando o ciclo no Gomeia Galpão Criativo, em Duque de Caxias (de 9 a 22/10).
“A missão do Núcleo de Arte-Educação e Inclusão Social do Projeto Portinari é levar a mensagem do artista às crianças, aos jovens e ao público em geral, por meio de suas obras e também de seu pensamento, expresso nos textos e poemas que o pintor nos legou. É nítida a identificação imediata de crianças, jovens e adultos, que se reconhecem nas representações feitas pelo artista e veem suas próprias narrativas presentes nas obras. Estes laços de pertencimento ajudam a desmistificar a arte e instigar o desejo de fazer a sua própria representação. A aproximação de crianças, jovens e adultos à arte, potencializa a ampliação de mundos, de estéticas, de pontos de vistas, de modos de perceber a realidade e de interagir com o mundo”, explica João Candido Portinari, diretor e fundador do Projeto Portinari e único filho do pintor.
Inspirada pela temática da sustentabilidade, levada ao mundo através do Rio+20, realizado no Rio de Janeiro, há 10 anos, a exposição tem como fios condutores a pintura de Candido Portinari e o meio ambiente, temas que permitem desenvolver conteúdos relativos às áreas de conhecimento trabalhadas nas escolas, com crianças e adolescentes e será oferecida a pessoas de todas as faixas etárias e níveis de escolaridade.
Também serão realizadas atividades de arte, com oficinas de pintura a guache, desenho, recorte e colagem, mosaico, arte com sucata, contação de histórias e teatro. “Esta exposição de réplicas visa trazer a arte para junto das pessoas, ao mesmo tempo em que tem a preocupação de incluir um processo de conscientização dos cuidados que todos devemos ter com as questões ambientais”, diz Guilherme de Almeida, coordenador-geral do Núcleo de Arte e Educação do Projeto Portinari. Proporcionar um intercâmbio de ideias e influências culturais entre Portinari e os artistas locais é um objetivo que deve se renovar e enriquecer o projeto em cada fase da itinerância.
“Nosso objetivo é, assim como fez Portinari, dar protagonismo a pessoas e artistas colocados à margem da sociedade dominante, dando voz e detectando em seus trabalhos possíveis influências e inspirações, que, talvez, nem eles mesmos tenham consciência de onde vieram. A ideia é conectar Portinari, que é tão atual, ao público e aos artistas locais”, afirma Oju Rezende, arte-educador do Projeto Portinari.
Maria Consuêlo Pereira dos Santos, coordenadora da ação ressalta a importância de quebrar barreiras e gerar empregos nessas regiões: “arte educadores e monitores locais serão contratados e teremos ativistas, educadores e artistas incríveis das comunidades participando, fazendo a moeda circular no local e possibilitando um ganho extra para pessoas que têm a capacidade técnica para atender aos critérios necessários e valorizar o nome de Portinari em cada uma dessas regiões”, completa.