Assim que a Prefeitura de Niterói autorizou o reajuste das passagens de ônibus municipais em R$ 0,40 – de R$4,05 para R$ 4,45 –, atendendo a pedido das empresas de ônibus, o Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) enviou ofício ao Executivo municipal. No documento, a entidade solicita que as perdas salariais, acumuladas nos últimos 12 meses até a data-base, em 1º de novembro, sejam incluídas no estudo de reequilíbrio econômico-financeiro anunciado pelo Município para o setor de transporte público.
Segundo o Sintronac, a medida é essencial para que os trabalhadores recuperem seu poder de compra, que despencou com a escalada inflacionária, criando um ambiente de insatisfação e instabilidade nas garagens. O documento, que lista os principais problemas enfrentados pelo transporte por ônibus, como os altos custos operacionais e a incapacidade alegada pelas empresas para viabilizar um reajuste salarial, adverte para que sejam contempladas as necessidades dos rodoviários, além de audiência com o prefeito, Axel Grael (PDT). Ao mesmo tempo, lança um alerta sobre as negociações trabalhistas de novembro.
“Os rodoviários adiaram as negociações por uma recomposição salarial justa durante a pandemia, que fez a arrecadação das empresas despencar. Nesse período, mais de 3 mil trabalhadores foram demitidos. Em seguida, veio a inflação e a elevação de gastos do setor, principalmente com o óleo diesel. O que vemos para novembro são negociações salariais extremamente difíceis e os trabalhadores não querem pagar mais uma conta, que não foi criada por eles. O poder público precisa intervir, pois uma greve geral não está distante da realidade. Além da reposição das perdas, a categoria quer também um ganho real de salário. Os rodoviários precisam ser ouvidos sobre qualquer mudança no setor”, avalia o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira.
O sindicato defende uma mudança profunda no atual modelo de financiamento do transporte público, baseado quase exclusivamente nas passagens. Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Brasília já mudaram seus sistemas, efetivando subsídios para baratear os custos para a população, mas outras formas de financiamento podem ser estudadas.
“O objetivo é baixar os custos do transporte para a população, melhorar a qualidade do serviço e garantir os direitos trabalhistas dos rodoviários. Se essa equação não for resolvida, nenhum sistema funcionará plenamente”, afirma Rubens Oliveira.
Em novembro de 2021, a categoria chegou a entrar em estado de greve, em resposta à proposta patronal de reajuste de 4% nos salários, divididos em duas parcelas em novembro do ano passado e julho de 2022, além de aumento de 25% sobre a cesta básica da categoria. Após negociações com as empresas, houve um acordo que levou à desistência da paralisação.
Aumento da tarifa
O reajuste estava suspenso nos últimos três anos e, agora, a correção de 9,88% visa minorar o impacto da inflação acumulada, agravada pelos reajustes do diesel, segundo a Prefeitura.
A nova tarifa municipal entrou em vigor à 0h do último sábado (30). A Secretaria Municipal de Urbanismo e Mobilidade manterá a fiscalização da frota de ônibus no município, com a possibilidade de rastrear os coletivos por aplicativo de celular. Também haverá a ampliação dos pontos de venda do Bilhete Único de Niterói, que permite que o usuário pague menos pela tarifa.
A Prefeitura ainda vai criar o Cartão Arariboia Transporte, para garantir o transporte gratuito a passageiros em situação de extrema pobreza inscritos no CadÚnico e que não recebam o benefício do vale-transporte. O projeto está em fase final de elaboração e será enviado à Câmara de Vereadores.