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Bronze no Mundial turbina sonho de Oro

Terceiro lugar nos EUA abre portas na Europa para recordista sul-americana do salto em distância

Por Portal Eu, Rio! em 06/08/2022 às 16:01:12

Letícia Oro exibe com a medalha de bronze conquistada no Mundial de Eugene, um dos templos do atletismo. Foto: CBAt

A conquista da medalha de bronze no Mundial de Atletismo do Oregon já se reflete em mudanças na vida de Letícia Oro. Graças ao salto de 6,89m que lhe rendeu um lugar no pódio em Eugene, os convites para participar de competições internacionais começaram a brotar. E, pela primeira vez na carreira, a brasileira disputará o salto em distância na Europa.

Letícia foi inscrita em etapas em Rovereto, na Itália, e em Berlim, na Alemanha, em eventos da categoria prata no World Continental Tour, da World Athletics. Competirá nos dias 30 de agosto e 4 de setembro, respectivamente. Por uma questão de calendário infelizmente não será nesta temporada que estreará na Diamond League, principal circuito do atletismo mundial: as etapas restantes não terão provas da disciplina em que ela, agora, é medalhista mundial.

“É um degrau enorme. Eu só competia aqui na América do Sul. Até fui para Canadá e Austrália na base, mas a última vez que fui para fora mesmo foi em 2015, com pessoal de base. Agora, competindo com as atletas com que sempre sonhei, de quem sou fã, é uma coisa mesmo inexplicável. Sempre as via na televisão, nos primeiros lugares do ranking, e agora estão entre as tops igual a elas. Só a Diamond League que ficará para o ano que vem”, contou, ao COB.

As oportunidades que se apresentam fazem Letícia sonhar ainda mais alto. Além da chance de competir mais vezes no exterior e contra as principais atletas da modalidade, ela celebra a possibilidade de ter uma melhor estrutura para treinamento em um futuro próximo. A pista onde ela treina, na Universidade de Joinville, em Santa Catarina, é de carvão, longe do ideal para o alto rendimento. E ela já recebeu sondagens para treinar em outros centros.

“Quero ver como vai ficar essa situação da pista, se realmente vai sair. Vou colocar um tempo limitador. Vou fazer campings fora, vou levar o João (Carlos dos Santos, técnico) junto. Aqui não temos nem um baldão de gelo. A primeira e única vez que fiz foi agora no Mundial. É algo tão simples, mas pra mim foi uma chance que aproveitei. Espero melhorias, e se melhorar não tem por que eu sair daqui.”

Uma trajetória surpreendente, da Natação e das Lutas Marciais ao Atletismo

Letícia experimentou diversas atividades físicas na infância. Praticou natação, caratê, judô, vôlei e jazz até ceder aos apelos de uma professora para se arriscar no atletismo. Começou nas provas de velocidade e descobriu por acaso que a explosão também lhe serviria bem no salto em distância. Inscrita na prova por falta de participantes da equipe, sagrou-se campeã do evento e migrou de vez.

Nas categorias de base Letícia foi duas vezes campeã sul-americana (sub-18 em 2014 e sub-20 em 2015) e conquistou bronze no Campeonato Pan-americano sub-23. Na migração para o adulto tinha outro sul-americano como resultado de maior expressão quando sofreu uma grave lesão, rompendo o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Voltou a competir em maio de 2022 e tinha disputado apenas o Troféu Brasil, onde saltou 6,59m, antes de chegar ao Mundial.

Nas eliminatórias errou os dois primeiros saltos. No terceiro garantiu a 12ª e última vaga para a final. Nela saltou de primeira 6,89m, 25 centímetros acima da então melhor marca da carreira. Passou então a arriscar nas tentativas seguintes e queimou todas. O necessário para garantir o pódio, porém, já estava feito. Com o bronze, Letícia era apenas a segunda mulher do Brasil a conquistar uma medalha em Mundiais de Atletismo – Fabiana Murer foi ouro em 2011 e prata em 2015.

“Uma frase para quem está começando no esporte ou num trabalho, ou que está com dificuldade no emprego, é que tudo é possível. Basta a gente querer. Não vai ser meu amigo que vai atrás do meu sonho. Basta eu querer e ir atrás. Eu passei pela cirurgia. Claro que meu médico, a físio, meu técnico, todos foram fundamentais. Mas se eu não quisesse eu não ia ter resultado. Todo esse esforço, essa dedicação... Eu quis ir atrás do prejuízo, do tempo que fiquei sem ir treinar. Tracei a meta de ir para o Mundial, de mostrar para o mundo meu potencial, por que eu quis, eu fui atrás.”


Letícia Oro, à esq, com o médico Cristiano Menegazzo e a fisioterapeuta Vanda Sampaio

“Minha corrida na classificação foi diferente da final. Na final obviamente foi melhor. Só faltava esse ajuste na corrida para acertar realmente o salto. Qualquer detalhe faz a diferença. Na final foi excelente porque foi tudo ajustado, tudo quase que perfeito. Qualquer detalhe faz sim a diferença, e ainda bem que consegui acertar justo num Campeonato Mundial, na final ainda.”

Apesar de todas as portas que estão se abrindo, uma dificuldade Letícia segue tendo: comprar sapatilhas para um pé tamanho 34. Com 1,58m de altura, ela depende de importações para ter o equipamento apropriado. E nem pessoalmente nos Estados Unidos, na terra de uma das maiores fabricantes de equipamentos esportivos do mundo, conseguiu encontrar as peças.

“No Brasil só achei uma vez uma sapatilha para treino do meu tamanho. Sempre compro nos sites de fora, mas é muito ruim porque o imposto é muito alto e elas sempre param na alfândega. Desta vez achei que iria comprar, fui a três lojas, mas mesmo assim não tinha. Por enquanto vou precisar seguir comprando online mesmo”.

Fonte: Time Brasil/COB

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