A juíza Ariadne Villela Lopes, da Central de Custódia de Benfica, em audiência realizada nesta sexta-feira (12/8), manteve a prisão temporária da atriz Sabine Coll Boghici, acusada de aplicar um golpe milionário na mãe de 82 anos, viúva do colecionador de arte Jean Boghici.
Na decisão, a magistrada destacou que a prisão é válida e não há notícia nos autos acerca de alteração da decisão que determinou a expedição do mandado, sendo vedado ao juízo da Central de Audiência reavaliar o mérito da decisão que decretou a prisão.
Outros três acusados também permanecerão presos
Rosa Stanesco Nicolau e Jacqueline Stanesco Gouveia - que se apresentavam como falsas videntes – e o filho de Rosa, Gabriel Nicolau Traslavina Hafliger, também passaram por audiências de custódia distintas nesta sexta-feira e tiveram suas prisões mantidas. Durante a realização da audiência, a defesa de Rosa informou que está reunindo documentação para pleitear a revogação da prisão temporária.
Já a defesa de Jacqueline requereu a revogação da prisão, alegando que nada de ilícito foi encontrado com a custodiada, tampouco restou comprovado seu vínculo com os demais presos na operação. O pedido foi indeferido pela juíza Mariana Tavares Shu, que esteve à frente da audiência.
Prisão foi em operação da Polícia Civil na quarta-feira passada
De acordo com as investigações, a empreitada criminosa foi articulada pela filha da vítima, Sabine Boghici. O golpe começou a ser aplicado em janeiro de 2020, quando a idosa, que é viúva de um grande colecionador de arte e marchand, saía de uma agência bancária, em Copacabana. Naquela ocasião, ela foi abordada por uma mulher que se intitulava vidente e disse que sua filha estaria doente e que morreria em breve.
Por ter um lado místico e uma filha que enfrenta problemas psicológicos desde a adolescência, a idosa foi convencida, inclusive pela filha, a realizar os pagamentos solicitados para o tratamento espiritual proposto. Entre os dias 22 de janeiro e 5 de fevereiro de 2020, foram realizadas oito transferências bancárias que ultrapassavam R$ 5 milhões.
Alguns dias após o início do falso tratamento, a filha começou a isolar a mãe das pessoas de convívio regular, além de dispensar funcionários que prestavam serviços domésticos. Foi então que a vítima desconfiou e suspendeu o pagamento de valores. A partir daí, passou a ser agredida e ameaçada. As únicas visitas à residência eram feitas por comparsas, que passaram também a ameaçar a idosa, que voltou a realizar as transferências.
Além de dinheiro em espécie e joias, mais de R$ 700 milhões foram roubados em quadros de artistas como Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti. Ao todo, foram 16 obras. Três delas, avaliadas em mais de R$ 300 milhões, foram recuperadas em uma galeria de arte de São Paulo. O proprietário do estabelecimento confirmou que vendeu outras duas para o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires. Ele não desconfiou por conhecer a família e pelos quadros terem sido entregues a ele pela própria filha da idosa.
Quem é a filha da mãe. presa pelo golpe, soi-disant atriz e protetora dos animais
Sabine é filha do imigrante romeno Jean Boghici, famoso colecionador e negociador de obras de arte no Rio de Janeiro. Ele morreu em decorrência de uma embolia pulmonar em 2015, segundo o jornal O Globo. Após a morte de Jean, a filha, formada no Lycée Molière, tradicional colégio francês na capital carioca, entrou em uma disputa na Justiça com a mãe, segundo informações da época à coluna de Ancelmo Gois, no jornal O Globo. Na ação, ela pede a posse dos bichos de estimação da família e cobra uma nova divisão do inventário de imóveis deixados por Jean, afirmando que pediu um apartamento mais ao centro do Rio para a idosa, por se sentir muito isolada em um sítio em Itaipava, distrito de Petrópolis.
Processo Nº 0219670-66.2022.8.19.0001
Processo Nº 0219612-63.2022.8.19.0001
Processo Nº 0219637-76.2022.8.19.0001
Fonte: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e Polícia Civil