De acordo com uma recente pesquisa do Ibope, 96% das pessoas sabem da importância da reciclagem para o meio ambiente, mas este número cai para 72% quando falamos de separação do lixo reciclável e apenas 49% separa os restos de comida do que pode ser reaproveitado. E, 65% não sabe para onde levar esse material separado. Pensando nisso a ONG Pimp My Carroça criou o aplicativo Cataki, disponível em Android e IOS, que ajuda a conectar quem deseja dar o material passível de reciclagem aos catadores ou Cooperativas.
Os catadores, atualmente, são responsáveis por 90% da coleta de materiais reciclados no país, mas poucos são aqueles que são bem-vistos pela população. O Cataki foi criado para dar reconhecimento e visibilidade dos catadores.
"Com o tempo, percebemos que respeito e admiração são essenciais, mas não o suficiente: os catadores também precisam ter uma remuneração compatível com o tamanho do esforço e da importância de seu ofício."- afirma João Bourrol, da Comunicação da ONG.
Com trabalhos realizados em mais de 50 cidades em 13 países diferentes, o aplicativo está presente no Rio de Janeiro com 53 catadores cadastrados no aplicativo apenas na cidade e 71 em todo o estado. Já são mais de 900 profissionais cadastrados.
Numa rápida entrevista, ele revela como funciona o aplicativo e o que se espera da iniciativa.
1) Como de fato funciona o aplicativo?
A ideia é aproximar - de maneira descomplicada - o gerador de resíduo com a pessoa que vai dar a destinação correta a esse material. O gerador de resíduo baixa o app e visualiza na tela de seu celular um mapa com os catadores que atuam nas suas proximidades. O usuário então entra em contato com um deles e descreve o tipo e o volume de resíduo disponível. O catador vai até a casa da pessoa e faz a retirada: nós não obrigamos, mas estimulamos que seja feita a negociação de um valor a ser pago pela coleta; afinal de contas ele está realizando um serviço ambiental público. Então a ideia é que o catador ganhe tanto pela retirada quanto pela venda do material reciclável no ferro-velho. Se a pessoa tem em casa um resíduo não reciclável - entulho ou um armário de madeira, por exemplo - ela também pode chamar um catador pelo app, pois ele irá dar a destinação correta ao material (ecopontos recebem esse tipo de material). Nesse caso, o único valor que o catador receberá será do gerador de resíduo, já que o ecoponto não paga pela entrega do resíduo. O Pimp My Carroça não fica com nenhum centavo gerado na transação: nossa função é apenas aproximar as duas pontas.
2) Quem está apto a cadastrar e como fazer?
A ideia é que a sociedade civil se empodere do app. Partindo desse pressuposto, queremos que os próprios geradores de resíduos façam o cadastro dos catadores. Qualquer pessoa que tenha o app baixado no celular está apto a fazer o cadastro: basta abordar um catador na rua, explicar o funcionamento do Cataki e realizar o cadastro, que consiste em preencher um formulário do perfil do catador: nome, foto, breve histórico, tipos de resíduo que coleta, área de atuação, além de uma frase/mensagem escolhida pelo catador prra sintetizar sua caminhada de vida.
3) Qual o retorno pretendido e quais são os resultados que já conseguiram?
São dois os retornos pretendidos: aumentar tanto a renda dos catadores quanto os índices de reciclagem do Brasil. Os catadores costumam dar um retorno positivo e o interessante é que o Cataki funciona com base em ciclo virtuoso: quanto mais pessoas baixarem o app, mais catadores serão cadastrados, mais coletas serão realizadas e mais útil o app se torna - tanto para o catador quanto para o gerador.
4) Pretendem expandir para outras cidades?
O Cataki está virtualmente presente no Brasil todo: onde há um catador cadastrado, há Cataki. Queremos colaborar com o maior número possível de catadores, então a ideia é que cada vez mais catadores estejam presentes na plataforma. Estamos desenvolvendo uma parceria oficial com a prefeitura de Cali, na Colômbia: em março de 2019 o Cataki deve ser lançado oficialmente na cidade.
Sobre a ONG
De acordo com o site, a ONG Pimp My Carroça é um movimento que luta para tirar os catadores de materiais recicláveis da invisibilidade, promover a sua auto estima e sensibilizar a sociedade para a causa em questão, com ações criativas que utilizam o graffiti para conscientizar, engajar e transformar.