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Isolamento e insegurança pela pandemia inspiram criação de Centro de apoio à Saúde Mental na UFRJ

Intensa atividade, sob pressão, de profissionais de Saúde alimenta demanda por atendimento especializado

Por Portal Eu, Rio! em 16/09/2022 às 06:49:53

Ceate UFRJ, criado em parceria com o GT Coronavírus integrado pelo epidemiologista Roberto Medronho, promoveu 2700 atendimentos em menos de um ano. Foto: Reprodução YouTube

O mês de setembro é conhecido por destacar temas ligados à saúde mental, combate e prevenção ao suicídio. Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) têm trazido o assunto para o centro da discussão, neste período e ao longo do ano, em virtude de dados alarmantes e crescentes, na contramão do que é observado no resto do mundo.

Enquanto as taxas globais diminuíram 36% entre 2004 e 2019, no Brasil o número de suicídios aumentou 35% de 2011 a 2020. Com cerca de 13 mil casos por ano, a pandemia foi um gatilho a mais em direção ao crescimento de atentados contra a própria vida. Estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que, nas regiões Norte e Nordeste, mais vulneráveis economicamente, homens acima de 59 anos e mulheres com mais de 30 aparecem com taxas acima da média.

Na UFRJ, não foi difícil perceber, ao longo dos primeiros meses de isolamento para a comunidade e de intensa atividade para os profissionais de saúde, como a nova dinâmica estava impactando a saúde mental de discentes, docentes, técnicos-administrativos e terceirizados. Por essa razão, o Núcleo de Bioética e Ética Aplicada (Nubea) desenvolveu um espaço de acolhimento para aqueles que não estivessem se sentindo bem emocionalmente diante destes processos: a Central de Apoio à Saúde Mental dos Trabalhadores e Estudantes (Ceate).



Plataforma digital agiliza escuta e reduz burocracia

De agosto de 2020 até julho de 2022 já foram realizados mais de 2.700 atendimentos. A iniciativa, que surgiu como um projeto de extensão, foi desenvolvida a partir das experiências do GT Coronavírus e das inquietações das professoras Maria Claudia Vater e Marisa Palácios, em busca de transformar o espaço laboral e universitário em um local mais sadio e menos adoecedor. A Ceate tornou-se, então, um polo para muitas pessoas ao longo dos últimos dois anos.

Para que isso acontecesse em um período de pandemia, com a maioria das ações sendo realizadas exclusivamente de forma virtual, a Ceate, a partir de uma parceria com o Complexo Hospitalar da Saúde (CHS), desenvolveu uma plataforma digital para que os interessados pudessem buscar acolhimento. A partir dela, é possível inserir dados principais que ajudam nos encontros e encaminhamentos de apoio.

Para quem está do outro lado, o destaque está na inovação. Para Ricardo Gomes, coordenador de Sistemas Informatizados em Saúde, a plataforma é uma maneira de diminuir o trabalho manual e focar no atendimento a distância. “Foi um avanço extraordinário e ficamos felizes porque foi um facilitador que deu foco no ser humano, diminuindo as burocracias”, explicou Gomes.

A coordenadora da Ceate, Maria Claudia Vater, ressalta que o trabalho da Central é coletivo e envolve voluntários, profissionais, o Instituto de Psicologia (IP), o Instituto de Psiquiatria (Ipub) da UFRJ e o próprio Nubea. Para além disso, a iniciativa busca realizar um trabalho integrado com outros grupos e ações de terapia, como oficinas de musicoterapia, terapia ocupacional, terapia de luto, rodas de conversas com o Instituto Junguiano do Rio de Janeiro, yoga, entre outros.

“A gente pode trabalhar em um ecossistema da comunidade UFRJ, focando também em olhar para quem cuida. Quem cuida de quem cuida? Ao longo desse processo, ouvi: ‘Pela primeira vez, estou me sentindo cuidada pela UFRJ’. A gente não busca substituir o SUS, mas é importante a pessoa chegar lá com um acompanhamento”, defende Maria.

Onde buscar ajuda em casos de depressão e abatimento?

A Ceate é apenas um dos espaços de acolhimento em saúde mental que a UFRJ oferece para a comunidade acadêmica e administrativa. Outras alternativas são o Grupo Vivências Estudantis da Pró-Reitoria de Políticas Estudantis (PR-7) e a Seção de Atenção Psicossocial da Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4), voltada para os servidores.

Caso não seja do corpo social da Universidade, é possível buscar ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV), que atua no apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, em total sigilo, por telefone, e-mail ou chat 24 horas, todos os dias. Ligue 188.

Não hesite em pedir ajuda!

Fonte: Universidade Federal do Rio de Janeiro

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