Após drama pessoal, atriz Cristiane Machado conta seus próximos projetos para 2019

Com uma carreira longa e tendo passagens por novelas das TV Globo e Record TV, a atriz Cristiane Machado tornou-se conhecida para uma parte da população brasileira após revelar as agressões que sofria do ex-marido, o diplomata Sérgio Thompson Flores, em entrevista ao programa Fantástico. Depois da divulgação das imagens chocantes, ele se encontra preso atualmente em Benfica, na Zona Norte do Rio. E agora ela só pensa em recomeçar sua vida com dois filmes que estrearão nos cinemas em 2019:"Quando chega a hora de esquecer" (filme brasileiro) e "Fear" (título temporário de um longa estrangeiro).

Em entrevista exclusiva ao "Portal Eu, Rio!", Cristiane também comentou sobre a peça "Por Elas", em cartaz até o dia 20 na Caixa Cultural, no Centro do Rio. O espetáculo é dirigido por Sílvia Monte e aborda a questão da violência contra a mulher. A atriz também falou emocionada que se identificou e se sentiu encorajada em continuar com o processo contra seu ex-marido. Além disso, recomendou que outras mulheres que passam pelo mesmo problema assistam a peça.

"Essa peça me deu coragem para dar uma basta em toda a violência que sofri e que ela ajude outras mulheres que são casadas há bastante tempo e que passam pela mesma situação a tomarem essa mesma atitude. Recebo muitas mensagens de ajuda e isso me fez ter consciência de que eu tenho uma missão. Infelizmente nosso sistema policial e judiciário é muito ruim, pois além de faltarem viaturas também não há boa vontade de muitas autoridades, sem contar da lentidão da nossa justiça. Mas vou prosseguir com minha missão de não desistir, pois quero que um dia não haja sequer nenhum empurrão contra a mulher, independentemente de quem seja", desabafou a atriz.

Recomeço com dois filmes

Planejando recomeçar sua vida com mais força, Cristiane comentou sobre dois longas que trabalhou recentemente, o filme brasileiro "Quando Chega a Hora de Esquecer" e "Fear", produção estrangeira de nome provisório e que ainda está em desenvolvimento. Sobre a obra nacional, a abordagem fala do Mal de Alzheimer. Ela interpreta Lívia, que reencontra um amor de infância Edu (Edivaldo Azevedo), que sofre ao ver sua mãe afetada pela doença. A atriz comentou sobre o desafio de encenar uma situação complicada e que causa desgaste emocional em muitas pessoas que têm algum parente que sofra com a doença.

"A experiência foi muito boa, mas muito complicada também. Um dos produtores trabalhou com idosos e trouxe essa experiência para o filme, pois cuidou de quem tinha Parkinson e Alzheimer. Ao mesmo tempo, eu visitei muitos centros de tratamento onde as famílias praticamente largavam seus pais lá. Era algo muito triste de se ver. Então só o amor pode fazer você superar um cansaço emocional e te dar paciência e zelo, até porque um dia os pais da gente cuidaram de nós quando criança. Portanto, chega um momento que o contrário tem que acontecer. Eu via idosos abandonados e foi necessários um trabalho muito intenso em clínicas de recuperação, conversando com diversas pessoas", revelou a atriz.

Já sobre a produção internacional - dirigida porJosh Taft - Cristiane afirmou que esse trabalho é uma "bênção de Deus". As filmagens aconteceram em Hollywood no ano passado, sendo que os dois já trabalharam juntos em uma campanha publicitária de uma marca de refrigerante. Descrevendo a produção como uma realização de um sonho, ela também afirmou que o filme vai dar mais coragem para ela seguir em frente.

Responsabilidade social da peça "Por Elas"

Abrindo-se de maneira franca, Cristiane Machado afirmou que quando assistiu o espetáculo "não estava como atriz, mas como vítima de violência". Identificando-se com cada aspecto encenado, ela conta que entende melhor o papel da atuação dentro de uma responsabilidade social. Além disso, a atriz enfatizou que quer seguir adiante em seu desejo de ver a justiça sendo cumprida em relação às agressões que sofria.

"Hoje eu quero ir em frente, ter a minha dignidade, coragem, ser minha própria fortaleza e não parar jamais! Porque eu não desejo justiça para mim, mas para todas as mulheres que passam por esse absurdo. A violência doméstica e o feminicídio acontecem em diversas classes sociais e etnias. Não há uma desculpa ou justificativa. Meu ex-marido tem uma experiência internacional grande, fala cinco idiomas e me fez passar pelo que todo mundo viu. Por ter sobrevivido à isso, eu quero propagar o máximo possível de uma consciência não só para as mulheres, mas também para os homens. Quanto mais discutirmos e lutarmos pelo fim da violência doméstica, melhor", finalizou.