Controlar gastos, abaixar impostos e abrir a economia do país. Essas foram as principais metas apresentadas pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, durante o encontro com empresários nesta segunda-feira, 17, na sede da Firjan, no centro do Rio. O ministro elogiou aqueles que desejam ajudar o novo governo e que sabem que não existirá mais a lógica do "toma lá da cá". "Meus diálogos em Brasília estão sendo extraordinariamente construtivos. Tenho escutado afirmativas de apoio no judiciário, no legislativo e no executivo", destacou.
O presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, reforçou que o país só poderá retomar o caminho do crescimento e do emprego com a adoção de medidas inadiáveis, como as citadas por Guedes. "O novo governo tem como meta reduzir o custo das empresas, fazê-las mais competitivas para impulsionar o crescimento, a geração de empregos, a inserção internacional e a atração de recursos para investimentos. É evidente que, diante disso, penduricalhos fiscais terão de ser desidratados ou simplificados", ressaltou Eduardo Eugenio.
Guedes reforçou que abrir a economia é bom. "Isso sempre foi uma alavanca de crescimento. Se uma liderança empresarial não entender isso, ela não merece ser liderança", disse. Causando espanto, Paulo Guedes também revelou que será preciso cortar gastos no Sistema S.
"Como podemos pedir sacrifício aos outros se não nos sacrificarmos. Acho que podemos cortar pouco para não doer muito. Com interlocutores inteligentes, preparados e que queiram construir, como o Eduardo Eugênio, cortaremos 30%, caso contrário será 50%", afirmou.
Em nota, a Firjan ponderou: "Os comentários do ministro sobre o Sistema S precisam ser encarados como parte deste desafio, em especial de uma discussão mais ampla sobre o papel das entidades de representação empresarial num cenário de necessidade de redução de custos e resgate da competitividade do país. É evidente que, como parte desta interlocução, será possível expor o papel fundamental desempenhado pelas entidades que compõem o Sistema S na formação da mão de obra e na parceria em áreas críticas e habitualmente desassistidas como saúde e educação (...)".
O evento contou com a presença do governador eleito, Wilson Witzel e do prefeito do Rio, Marcelo Crivella. Também estiveram presentes os futuros presidentes da Petrobras, Roberto Castello Branco; do Banco do Brasil, Rubem Novaes, e da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães.
O governador do Rio afirmou que pretende contribuir para destravar o Brasil e trazer investimento para o estado do Rio. Ele falou sobre a possibilidade de concessão da malha ferroviária e das conversas com os futuros governos do Sudeste, a fim de viabilizar as Estradas de Ferro Rio-Vitória (EF-118) e Rio-São Paulo.
Todo mundo pagando menos
"Queremos fazer uma simplificação de impostos, um programa de substituição tributária, sem isenções, com todo mundo pagando menos", expôs o ministro da Economia. Guedes ressaltou que o problema do Brasil sempre foi fiscal, mas que só agora aconteceu um despertar para o problema.
"Atualmente no Brasil, existem 40 milhões de pessoas com carteira assinada e 46 milhões de desempregados. No sistema atual, para criar um emprego se destrói outro. Precisamos transitar para um sistema de capitalização para a futura geração, democratizando o ato de poupança e libertando as empresas dos encargos trabalhistas, de forma a gerar novas vagas", ressaltou.
O ministro informou que o governo será o órgão fiscalizador dessa capitalização. "O Estado será o juiz do jogo para garantir o resultado, mas sem operar o sistema. Será criada uma nova indústria previdenciária que vai colocar o Brasil para crescer de 4% a 5% ao ano, como o Chile, que é o país mais desenvolvido da América Latina. Estamos indo nessa direção, precisamos acelerar as privatizações e fazer a Reforma da Previdência".
Descentralizar recursos
Em seu discurso, Guedes fez uma crítica à centralização dos recursos da União. "O poder absoluto corrompeu, todos se perderam no gigantismo do Estado. O excesso de gastos do governo travou a economia e corrompeu a democracia. Os constituintes de 1988 prescreveram a descentralização gradual de atribuições e recursos para que fossem transferidos ano a ano mais recursos para estados e municípios para inverter a pirâmide, para que o dinheiro fosse para onde o povo está. Mas as dificuldades, os erros e desvios acabaram induzindo o governo a criar imposto não compartilhado, deixando os municípios na miséria e os estados sem dinheiro", recordou.
O ministro aposta na recomposição da federação. "Nós queremos descentralizar os recursos, mas precisamos de apoio para fazer a reforma da previdência. Sem a reforma não teremos dinheiro. Não poderemos ajudar se não formos ajudados. Precisamos "sair do buraco" juntos", motivou Guedes.
O ministro destacou que o contato freqüente é a ferramenta da governabilidade. "Temos que acabar com o negócio de político ficar procurando ministro em Brasília para pedir dinheiro, o jogo não será esse, queremos desvincular e desobrigar as despesas e receitas. A classe política deve ir à Brasília para votar o orçamento e implementar de forma descentralizada, essa é a função de uma classe política reabilitada. Um deputado federal, por exemplo, deve ir à Brasília para votar 300 bilhões para a Educação, depois voltar para avisar que, desse total, 20 bilhões serão para o seu Estado. Acredito que o Congresso precisa acompanhar a execução orçamentária de forma trimestral", pontuou.