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Mesmo após fim do bloqueio, UFRJ recebe este ano metade das verbas alocadas há sete anos

No período, maior federal do Brasil passou a atender 54,5 mil estudantes na graduação e 15,7 mil na pós

Por Portal Eu, Rio! em 11/10/2022 às 07:40:43

Campus da UFRJ na Praia Vermelha, na Zona Sul do Rio, foi um dos mais afetados pelos sucessivos cortes de verbas para custeio e investimentos pelo MEC. Foto: Reprodução Internet

A Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, maior instituição de ensino superior gerida pela União em todo o Brasil, divulgou uma nota sobre a suspensão do bloqueio orçamentário de R$ 328 milhões anunciada pelo Ministério da Educação (MEC). No documento, a direção da universidade alerta que a retomada do orçamento original é paliativa, pois a verba deste ano correspondia à metade do alocado para a instituição sete anos antes, em 2015.

Nesse meio tempo, a UFRJ aumentou a oferta de cursos, a dimensão dos campi, o número de cidades em que está presente e o número de alunos atendidos na Graduação e Pós-Graduação. Atualmente, a UFRJ tem cerca de 54.500 estudantes de graduação (presencial e a distância) e aproximadamente 15.700 estudantes de pós-graduação (especialização, residência médica, mestrado e doutorado).

Mesmo com aulas remotas e com o sucateamento educacional, a UFRJ foi avaliada como a melhor universidade federal no QS World University Rankings 2023 e a melhor universidade federal segundo o World University Rankings 2022-23 (Center for World University Rankings [CWUR], dos Emirados Árabes).

Eis a íntegra da nota divulgada pela reitoria da UFRJ:

"Nesta sexta-feira (7/10), o Ministério da Educação (MEC) voltou atrás na decisão de bloquear R$ 328 milhões do orçamento dedicado às universidades e institutos federais. Devido aos protestos que ocorreram em diferentes cidades do país e a intensa repercussão na mídia, o ministro Victor Godoy anunciou que obteve aval do Ministério da Economia para retirar o contingenciamento do último decreto. Segundo nota divulgada pelo MEC, a decisão será formalizada nos próximos dias por meio de publicação no Diário Oficial da União.

Na quinta-feira, 6/10, Godoy negou que tivesse ocorrido um corte no orçamento das universidades e institutos federais. Durante coletiva de imprensa, disse ter havido um limite na movimentação financeira até dezembro e que o bloqueio realizado não iria comprometer as despesas básicas das universidades federais. Infelizmente, precisamos informar que as atividades de ensino, pesquisa e extensão da UFRJ já se encontram comprometidas em função dos sucessivos cortes e contingenciamentos ocorridos ao longo do ano. Já entramos em 2022 com metade do orçamento de 2015. O orçamento real de 2021 era o mesmo de 2008. E, mesmo assim, somos surpreendidos com bloqueios e cortes.

A retirada do limite orçamentário impediria concretamente o empenho de despesas por dois meses, sem garantia objetiva de reposição após esse período, colocando em risco, sim, o funcionamento das universidades. As faturas de água e energia elétrica, por exemplo, não são pagas desde julho por insuficiência orçamentária. Independentemente da nomenclatura, se é corte ou bloqueio, não há orçamento suficiente. Imaginamos que não seja momento para teorizar termos. É o momento de atenção às casas de ciência, para desenvolvimento do Brasil como país verdadeiramente independente, como é prática no resto do mundo.

Em junho, por exemplo, em coletiva de imprensa, a instituição expôs a situação dramática à comunidade universitária, à sociedade e à imprensa, chamando a atenção para os efeitos decorrentes da apatia com a educação universitária. A presença da instituição na mídia é notória, mas, infelizmente, não aparecemos apenas pelo nosso desempenho acadêmico, mas pelo aparente projeto de desmonte.

Mesmo com o descaso e a diminuição de investimento, conseguimos nos manter nas primeiras posições na América Latina em diversos rankings acadêmicos, o que comprova que nosso maior capital é o humano, mesmo sem o capital financeiro. Mas onde poderíamos estar caso tivéssemos um orçamento adequado? Em vez de discutirmos mais incentivos para as próximas contribuições da UFRJ para o país, somos frequentemente notificados com cortes e bloqueios, provocando uma imprevisibilidade que prejudica a administração de uma universidade como a nossa, do tamanho de uma cidade de médio porte, com uma comunidade maior que a população das cidades de Paraty (na Costa Verde) e Arraial do Cabo (na Região dos Lagos) juntas.

A Reitoria da UFRJ reitera seus compromissos:

  • não haverá retorno ao ensino remoto;
  • não haverá interrupção parcial de atividades. Se não houver desbloqueio e for necessário parar atividades, essa interrupção será aplicável, lamentavelmente, a toda a Universidade, em todos os seus campi, Cidade Universitária, Praia Vermelha, Duque de Caxias e Macaé, além das unidades isoladas, e esperamos excetuar as nove unidades de saúde que integram o Complexo Hospitalar;
  • a Reitoria e a Pró-Reitoria de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças analisam os impactos dos cortes e bloqueios no sentido de envidar todos os esforços para que não seja preciso interromper atividades e, para isso, contam com a colaboração de toda a comunidade universitária.

Interromper momentaneamente as atividades da UFRJ significaria aplicar marcha à ré para um passado sem acesso à educação pública, gratuita e de qualidade. Isso roubaria a oportunidade de milhares de jovens e adultos que lutaram para estar na melhor instituição federal do país e que acreditam em um futuro melhor. Permitir os bloqueios é retirar o sustento dos quase três mil trabalhadores terceirizados (segurança, limpeza, alimentação etc.) que contribuem com a sua mão de obra especializada para realização de atividades da instituição e deixar de entregar à sociedade os benefícios de um país que precisa enxergar a ciência como trampolim para seu desenvolvimento, como acontece em qualquer país desenvolvido.

Convocamos a sociedade a refletir sobre o lugar que a educação ocupa no Brasil. Hoje, o investimento em universidades e institutos federais trilha para o retrocesso. Caminhar para o progresso significa investir em educação gratuita e de qualidade, fornecendo subsídios à ciência e à inovação. Não podemos permitir que as instituições e institutos federais fechem as portas. Vamos lutar pela existência das instituições de ensino como instituições de Estado e não de governos, sejam eles quais forem. O Brasil que caminha para o progresso escolhe a ciência como bússola.

7/10/2022
Reitoria da UFRJ'

Fonte: Universidade Federal do Rio de Janeiro

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