De acordo com o Itamaraty, existem atualmente 1,9 milhão de brasileiros, entre legais e indocumentados ilegais, morando nos Estados Unidos. Trata-se de 19% a mais do que o número registrado em 2016 (1,5 milhão). E, independentemente do resultado da eleição presidencial no Brasil neste ano, esta população vai ficar ainda maior em 2023, que pode terminar com mais de 2 milhões de imigrantes brasileiros nos EUA.
“Por todo o complicado cenário político que temos hoje no Brasil, tivemos uma eleição que não somente definiu o próximo presidente, mas também os planos e o futuro imediato de muitas pessoas. Existe uma grande parte da população que possui condições financeiras e qualificações profissionais para se mudarem para outro país, caso seu candidato não tenha sido o vencedor, e os Estados Unidos são o destino favorito destes brasileiros”, declara Marcelo Gondim, advogado de imigração nos EUA.
Marcelo Gondim aposta na imigração de brasileiros para os EUA. Foto: Divulgação
De fato, a polarização política que tomou conta do Brasil levou milhares de brasileiros a se mudarem para os EUA nos últimos anos, em sua maioria buscando um país com melhores oportunidades profissionais, segurança para a família e estabilidade econômica. Só na última década, mais de 130 mil green cards foram emitidos para brasileiros que chegaram de forma legal ao país, seja por laços familiares, casamento com cidadãos americanos, investimento em empresas ou com propostas de emprego nos EUA.
A Flórida, em especial as cidades de Orlando e Miami, é o estado americano com a maior concentração de brasileiros nos EUA (300 mil pessoas). Tradicionalmente, a comunidade brasileira na Flórida possui um viés político mais à direita. Com a vitória de Lula, não será surpresa se ficar ainda maior. Muitos empresários brasileiros que temem o retorno do governo petista já condicionam o futuro de seus negócios ao resultado da eleição e enxergam nos EUA um porto seguro para seus investimentos.
Por outro lado, em estados mais progressistas, como a Califórnia, New York e Massachusetts, todos com grande concentração de brasileiros, a possibilidade de uma nova onda de imigrantes também era grande em caso de reeleição do presidente Bolsonaro e, consequentemente, de suas políticas públicas que desagradam os simpatizantes da esquerda. “Independentemente do resultado da eleição, teremos mais imigrantes brasileiros nos EUA. Quem, infelizmente, perde com esse êxodo de pessoas é o Brasil. Imagine quantos excelentes médicos, dentistas, engenheiros, profissionais de TI e empresários irão embora. Especialmente neste momento em que o mercado de trabalho americano sofre com a carência de mão-de-obra especializada em diversas áreas vitais, o imigrante brasileiro que estiver bem capacitado será muito bem-vindo”, frisa Marcelo Gondim, que também é fundador da Gondim Law Corp., escritório em Los Angeles que já auxiliou milhares de brasileiros em seus processos de green card.
Caso a comunidade brasileira nos EUA realmente chegue a 2 milhões de pessoas em 2023, o Brasil tomará da Coréia do Sul o posto de décimo país que mais envia imigrantes ao país. Os povos com maior representação estrangeira na América continuam sendo mexicanos, chineses e indianos.