O final de ano chegou e o Natal está pedindo passagem! É época de sorrir, abrir caminho para uma nova fase e brindar com esperança o réveillon. Mas para uma grande parcela da população brasileira se aproxima também a fase que mais castiga os que têm tendência ou sofrem de depressão. Esse ano, o cenário ganha o reforço do quadro econômico ainda difícil, da polarização política e também do sofrimento de parentes e amigos de quase 700 mil mortes por Covid-19. O fundamental é superar dificuldades. Para viver o final de 2022 e começar 2023 melhor, a psicóloga e professora universitária, Fátima Antunes, dá algumas dicas para buscar a construção do sorriso.
A psicóloga Fátima Antunes lembra que as dificuldades fazem parte da vida. "São elas que nos impulsionam ao movemento, afinal, se está tudo bem, porque eu preciso me movimentar? Porém não estamos preparados para mudanças, queremos sempre as coisas da mesma forma e até esquecemos que se chegamos onde estamos foi muita mudança. Crescer dói, qualquer pediatra sabe disso, pois quando os músculos e os ossos se expandem eles nos fazem maior, diferentes do que éramos antes", destaca Antunes.
Um dos pontos de fragilidade e condição ao entristecimento é a falta de emprego. Apesar do Brasil ter registrado a maior queda do desemprego em um ano entre 40 países, a quantidade de profissionais fora do mercado de trabalho equivale a 9,7 milhões de pessoas. Como dizem por aí: “não está fácil para ninguém”. Haja equilíbrio emocional. A psicóloga Antunes frisa que o trabalho tem grande importância na vida das pessoas, não apenas em função de ser condição para a sobrevivência em termos financeiros, mas para a autorealização, para que a pessoa se reconheça em seus aspectos mais frágeis e também em seus talentos. Estar fora do mercado significa uma barreira para que a saúde mental esteja bem", avalia Antunes.
Diante das circunstâncias financeiras fragilizadas, como curtir as festas de Natal e réveillon sem emprego? Antunes afirma que a solução é não se isolar. "As pessoas devem buscar a aproximação, devem estar juntas, em família, com amigos, É o momento em que cada um possa participar com o que for possível, como pode. Dessa forma, verdadeiramente o espírito de Natal vai acolher e unir as pessoas", acredita Antunes.
Muitos trabalhadores engrossam as fileiras do desemprego e a sensação do desamparo, desânimo, apatia e tristeza; comuns nesse período em razão das cicatrizes causadas por Covid-19, relacionamento rompido, mortes, saúde abalada, desilusões reforçam a dor da ferida aberta, algo comum em uma depressão. Momentos de baixa todos passam. É natural. É o que os especialistas chamam de fase depressiva passageira. "A tristeza passageira não é depressão. Ela pode se transformar em depressão, está sim é uma doença. Momentos de alegrias e tristezas se fazem presentes em nossa vida e precisamos aprender a lidar com eles, porque eles nos amadurecem", ensina Fátima Antunes.
Familiares e amigos devem prestar atenção quando os sintomas ultrapassam o quadro temporário, momentâneo. Nesses casos é necessário o acompanhamento médico e terapêutico. É fundamental a compreensão e o cuidado com o deprimido, como explica a psicóloga Antunes. "A saúde mental é negligenciada sempre. Se você tem pressão alta, chamam a sua atenção para tomar o remédio. Se você está em depressão, as pessoas acham que é frescura, falta do que fazer", lamenta. Segundo a psicóloga, cada pessoa, precisa entender que há sinais que mostram que as pessoas não estão bem de verdade e precisam de acolhimento.
"Estes sinais ocorrem quando a pessoa já não se importa mais com ela mesma, quando não existe motivação para realizar coisas que sempre gostou, quando tem vontade de chorar e nem sabe o motivo, quando prefere estar sozinha a estar no meio de outras pessoas, quando a pessoa fica em uma única atividade e não se envolve em outras atividades. Muitos sinais podem nos fazer identificar que o outro está em sofrimento, ainda que ele mesmo não se denuncie. Portanto, preste atenção nas pessoas a sua volta", alerta Antunes.