Novo desafio do pole dancer Saint Clair

Sem medo de encarar desafios, como o de lutar contra a lei da gravidade, equilibrando-se e fazendo manobras numa barra vertical, num esporte ainda pouco conhecido; e os de ser negro e viver sua orientação sexual, o pole dancer paulista Saint Clair vem-se preparando agora para buscar um novo obstáculo em sua carreira na modalidade. Primeira campeã da categoria drag desse esporte, busca levantar recursos para viajar e disputar o campeonato internacional Pole Pageant, em Puerto Vallarta, no México, em março. Será a primeira competição internacional desse esporte totalmente voltada para drag queens.

“Se necessário, pretendo ir para o Rio, onde mora parte da minha família, para vender salgadinhos e picolé na praia para juntar o dinheiro. Mas estou certa de que não vou abandonar o sonho de ir ao México. Quero ir para ganhar, mas mesmo que não ganhe, já vai ter valido a pena a experiência. Espero que pessoas de outros países me vejam e me conheçam, e que eu tenha um reconhecimento e possa dar visibilidade ao pole dancer e à raça negra”, afirmou Saint Clair. “Ainda não pensei em qual personagem adotar, mas pretendo fazer algo bem brasileiro, bem diferente do que o público de lá está acostumado. Quero exibir a sensualidade negra.”

Saint Clair se tornou a primeira campeã brasileira da categoria drag queens do pole dance em julho último, em São Paulo, no I The Best Pole Brasil, organizado por Rita Ferraz. Após ter feito futebol, capoeira, natação e jiu-jítsu, vem-se dedicando ao pole dance há quatro anos e tem competido desde 2016.

“Em julho, no primeiro campeonato para pole dancers drags no país, eu me senti em casa. Nesta categoria, é obrigatório, além dos exercícios na barra vertical, você fazer a dublagem, porque normalmente as drag queens são excelentes dubladoras. Escolhi a personagem Jhade do videogame Mortal Kombat, com a qual fui vitoriosa”, contou.

Residente no interior de São Paulo, Saint Clair criou no YouTube o canal Saint Clair .J, em que divulga sua arte, no endereço https://youtube/ekqB1BMl1sc.

Segundo a drag queen, os pole dancers vêm se unindo em favor do crescimento dessa atividade que ainda é alvo de preconceitos por parte de outros desportistas. Especialista nesta prática, Saint Clair considera importante que o pole dance esteja sendo visto cada vez mais como um esporte, e não apenas como uma manifestação presente em boates ou feira eróticas:

“Acho legal virar esporte, mas sem perder a raiz dos shows nas boates.

Segundo ele, o pole dance inclui diversas categorias, no feminino e no masculino, como a fitness, em que se leva mais em conta a força física e a habilidade nos movimentos; arte, em que também são levados em conta ambientes e cenários; glamour, em que os atletas combinam elementos do fitness com a sensualidade; exotic, em que os participantes usam saltos altos de até 25 centímetros; e mais recentemente a classe aberta às drag queens. Saint Clair tem competido principalmente nessas três últimas categorias.

Além de tudo isso, o atleta se dedica também a algo bem particular, como utilizar os movimentos do pole dance em árvores, no contato direto com a natureza.

“Desde pequeno eu sempre gostei de subir em árvores. Tenho uma imensa conexão com elas. Então, às vezes, estou passando por algum lugar, vejo uma árvore, sinto a energia dela, vou lá e subo”, resumiu, sem medo de desafios.