No último mês de 2022, a violência não poupou os agentes de segurança na Região Metropolitana do Rio. Ao menos 10 agentes foram baleados em dezembro, segundo o relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado. Em média, é como se um agente fosse baleado a cada 72 horas. Entre as vítimas, três morreram e sete ficaram feridas.
Cinco agentes foram baleados quando estavam em serviço (dois morreram e três ficaram feridos). Os outros cinco estavam de folga ou eram aposentados/exonerados do cargo (um morreu e quatro ficaram feridos). Nove agentes eram PMs - três foram mortos e seis ficaram feridos. O outro baleado era policial civil.
Para Carlos Nhanga, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro, os dados evidenciam que a política de segurança que prioriza o conflito põe em risco toda a população, inclusive os agentes de segurança. “A média de um agente baleado a cada três dias mostra que o modelo de atuação do Estado não dá conta de proteger nem quem deveria estar preparado para esse tipo de situação de confronto, quem dirá o cidadão comum", afirma.
O número de agentes vítimas da violência armada é próximo do registrado em dezembro de 2021, que concentrou 14 vítimas: oito mortos e seis feridos.
O coordenador regional do Fogo Cruzado ressalta a importância da produção de dados sobre como a violência armada afeta a vida dos agentes que trabalham no Grande Rio. "O estado do Rio não produz informações sobre agentes públicos de segurança feridos ou mortos fora de serviço, que representam metade das vítimas do mês passado. O Fogo Cruzado faz esse mapeamento e, por isso, hoje a sociedade sabe desse número, que é absurdo. O fato de haver todos esses agentes de segurança baleados só evidencia que não há um planejamento adequado para priorizar a vida desses policiais, seja durante o trabalho, seja fora dele”, afirma o coordenador regional.
Além dos agentes, dezembro foi marcado ainda pelo elevado número de execuções. Ao menos 18 pessoas foram mortas no Grande Rio em episódios de homicídios. Outras cinco ficaram feridas após sofrerem tentativas de homicídio. O Rio de Janeiro foi o município com mais casos. Das 29 mortes registradas no município durante o mês, 12 tiveram indícios de execução.
Entre os casos, um ataque a tiros no bairro Jardim América, em Itaguaí, deixou três homens mortos no dia 13. O carro em que as vítimas estavam também ficou marcado por diversos disparos.
Durante o mês de dezembro, 247 tiroteios/disparos de arma de fogo ocorreram na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, revela o Instituto Fogo Cruzado. Número de tiroteios é 7% menor que o acumulado no mesmo período de 2021, quando houve 267 registros.
Entre os 247 tiroteios mapeados no último mês de 2022, 42,5% (105) deles ocorreram em ações ou operações policiais. É como se quatro a cada 10 tiroteios registrados no Grande Rio se deram com a participação policial. Em dezembro de 2021, dos 267 tiroteios, 79 (29,5%) foram em ações ou operações policiais.
Ao todo, 141 pessoas foram baleadas na Região Metropolitana do Rio: 66 morreram e 75 ficaram feridas. Número de mortos diminuiu 14% e o de feridos, reduziu 3% em comparação com dezembro de 2021, que concentrou 154 baleados, sendo 77 mortos e 77 feridos.
Em comparação com novembro, que concentrou 292 tiroteios, 90 mortos e 112 feridos, dezembro apresentou queda de 15% nos tiroteios, 27% nos mortos e 33% nos feridos.
Entre as datas mais impactadas pela violência armada em dezembro, o dia 15 concentrou o maior número de tiroteios (14 registros) e de feridos (seis vítimas) e os dias 6 e 12 concentraram o maior número de mortos, com oito vítimas cada.
Entre os municípios que compõem a Região Metropolitana do Rio, os mais impactados pela violência armada foram:
Entre os bairros do Grande Rio, os mais afetados foram:
A distribuição da violência armada entre as seis regiões que compõem o Grande Rio ficou da seguinte forma: