Mergulho descuidado em água rasa pode deixar banhistas tetraplégicos

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC), acidentes provenientes de mergulhos são a segunda maior causa de acidentes medulares no Verão. Este salto, geralmente de cabeça, em piscinas, cachoeiras, rios e mar em regiões desconhecidas pode gerar um problema grave que será levado por toda a vida. "Principalmente nas férias de verão, onde os adultos jovens mais frequentam estes locais, a incidência destes acidentes aumenta consideravelmente, passando a ocupar a segunda posição na causa de lesão medular, perdendo somente para os acidentes automobilísticos, que ocupam a primeira posição", lembra o neurocirurgião especialista em coluna Felipe Mourão

As lesões podem variar de musculares e ligamentares até fraturas da coluna vertebral, com lesões medulares completas que levam à perda da sensibilidade e dos movimentos dos membros superiores e inferiores, causando a tetraplegia. "Aproximadamente 90% das vítimas são jovens com idade inferior a 30 anos", lembra Felipe.

Em geral o traumatismo raquimedular (TRM) pode estar associado ao traumatismo cranioencefálico (TCE) em até 25% dos casos. O TRM pode gerar incapacidade permanente e afetar as atividades de vida diária de forma permanente, alterando as relações sociais e as relações de trabalho em uma população produtiva.

“Se descuidar ao mergulhar em água rasa pode mudar todo o fluxo da vida de uma pessoa, pois pode deixar o banhista tetraplégico, ao bater a cabeça no fundo. Jamais mergulhe de cabeça! O primeiro pulo é sempre de pé, evitando também brincadeiras como empurrar pessoas em piscinas, lagos, lagoas e cachoeiras. Não mergulhe em águas turvas e, definitivamente, não beba nada alcoólico ao realizar atividades de mergulho”, orienta Felipe Mourão.

Felipe Mourão, neurocirurgião especialista em coluna.

Os primeiros socorros da vítima de mergulho em água rasa devem ser:

1) Retirar a vítima da água em segurança, preservando a via aérea;

2) Estabilizar a coluna vertebral em prancha rígida com colar cervical e head block - normalmente lugares de piscina tem kit de primeiros socorros;

3) Ligar para o atendimento móvel de emergência (192)

A avaliação secundária deverá ser feita por um especialista, com exames complementares, como radiografias e ressonância da coluna.