O chanceler alemão Olaf Scholz chega hoje (30) ao Brasil e terá encontros com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com delegações de empresários.
Na agenda de Lula para hoje, divulgada pelo Palácio do Planalto, está prevista para as 15h30 a cerimônia de chegada do chanceler, seguida de reunião bilateral às 15h45. Às 18h, Lula e Scholz se reúnem com as delegações empresariais do Brasil e da Alemanha. Em seguida, será feita uma declaração à imprensa, às 18h30.
Às 19h30 haverá um jantar em homenagem a Scholz no Palácio Itamaraty.
A ministra alemã da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento, Svenja Schulze, deve acompanhar as reuniões. No fim de semana, ela se encontrou com representantes de sindicatos, sociedade civil e empresas em São Paulo, para tratar de temas relacionados à energia sustentável.
De acordo com o Palácio do Planalto, o encontro representa a retomada das relações entre Brasil e Alemanha e da cooperação política, econômica e ambiental.
Durante o encontro, Lula e Scholz devem discutir o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. O primeiro-ministro também deve anunciar a liberação de recursos para o Fundo Amazônia. Os repasses foram interrompidos durante o governo anterior.
De acordo com o roteiro da visita, Lula receberá Olaf Scholz em cerimônia que será realizada às 15h30, no Palácio do Planalto. Em seguida, está prevista uma reunião bilateral e um encontro paralelo entre empresários e ministros.
A cerimônia de assinatura do acordo sobre o Fundo Amazônia está agendado para às 18h e contará com a participação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Às 19h, ocorrerá o jantar oficial oferecido para a delegação alemã.
Durante a passagem da delegação, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, se reunirá com empresários brasileiros e alemães e com a ministra da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha, Svenja Schulze.
Balança comercial assimétrica reflete lacunas no desenvolvimento industrial brasileiro
Brasil e Alemanha estão ligados por uma longa história econômica, caracterizada, porém, por uma balança assimétrica.
Se o Brasil tem apenas uma pequena participação em empresas alemãs, os investimentos diretos alemães no Brasil recentemente totalizaram 18 bilhões de euros (110 bilhões de reais). Segundo números do Bundesbank (o banco central alemão), a cifra representa cerca de 5% do capital investido pelos alemães em todo o continente americano e quase 2% de todos os investimentos alemães diretos no exterior.
No total, de acordo com o Bundesbank, 600 empresas alemãs estão atualmente em atividade no Brasil. O faturamento total delas antes da crise era de 49 bilhões de euros (300 bilhões de reais), o que corresponde a 2% do dinheiro gerado por todas empresas alemãs no exterior. Elas empregam cerca de 230 mil trabalhadores no Brasil e são responsáveis por cerca de 10% do PIB brasileiro.
O Brasil é o único país da América Latina com o qual a Alemanha fechou uma parceria estratégica. No mundo inteiro, tais relações econômicas especiais existem apenas com sete outros países – entre eles China, EUA e Índia. Por trás disso está o esforço para intensificar as relações com potências econômicas estrategicamente importantes, como através de consultas regulares em nível de governo.
O déficit do comércio externo do Brasil com a Alemanha é constante, o que, segundo dados da ONU, se deve principalmente à intensa importação de produtos químicos, máquinas e equipamentos. São setores nos quais a indústria alemã tradicionalmente tem uma forte participação global e que geralmente são muito procurados nos países emergentes. No setor de máquinas no Brasil, que cresce cerca de 10% ao ano, os vendedores alemães estão em terceiro lugar, atrás apenas de EUA e China.
Sobretudo a construção e a agroindústria brasileira, que é fortemente desenvolvida, estão entre os principais compradores de máquinas e equipamentos alemães. Por sua vez, a economia brasileira exporta produtos agrícolas para a Alemanha: soja, açúcar, café, carne bovina e de frango, laranja, tabaco e outros produtos similares respondem por mais de 40% das exportações.