37 anos sem Elis Regina

"O dia de hoje marca a perda da mulher de presença inesquecível, do timbre inconfundível e da ousadia lendária".Com essa frase, Maria Rita homenageou a mãe, neste sábado (19). Horas antes, a cantora, também utilizando as redes sociais, lamentava a perda do músico e amigo Marcelo Yuka, um dos fundadores da banda O Rappa.

Elis Regina (Carvalho Costa) nasceu em Porto Alegre, em 17 de março 1945. Depois de arrebatar o país com o seu estilo único de cantar, morreu, muito precocemente, em 19 de janeiro de 1982. Foram apenas 36 anos de vida, mas com uma intensidade atípica para aquela época. Há exatos 37 anos a morte de Elis fazia o Brasil chorar.

A carreira começou aos 11 anos de idade, ainda no Rio Grande do Sul. Em seguida, Elis veio para o Rio de Janeiro, onde se juntou aos criadores da Bossa Nova. Mas o vozeirão da gauchinha não se alinhava com a forma contida de cantar que o ritmo criado pela turma de Tom e Vinícius exigia. Elis teve problemas com o pessoal da Bossa Nova e migrou para São Paulo. Era a época dos festivais, e ela logo se tornou a sensação dos concursos. Não demorou para fazer as pazes com o pessoal da Bossa Nova. Mais tarde, também abraçou o Tropicalismo, movimento capitaneado por Gilberto Gil, Caetano Veloso e Gal Costa. A essa altura, Elis já não pertencia à Bossa Nova, ao Tropicalismo ou mesmo à MPB, Música Popular Brasileira, segmento que ela ajudou a nascer e a difundir. Elis era do Brasil!

Elis foi casada com o produtor musical Ronaldo Bôscoli e depois com o pianista e arranjador César Camargo Mariano. Com Ronaldo teve um filho, João Marcelo Bôscoli. Com César teve Pedro Camargo Mariano e Maria Rita. Neste 19 de janeiro de 2019, data em que a morte de Elis completa 37 anos, Maria Rita lembrou da mãe com saudade: "Elis é amor de mãe, é musicalidade, é sopro de vida em cada nota e cada gesto. Elis é eterna!"

Além de lembrar a morte da mãe, Maria Rita também lamentou, neste 19 de janeiro, a morte do amigo Marcelo Yuka, músico fundador da banda O Rappa. Yuka morreu no final da noite desta sexta-feira (18). Durante a carreira, Maria Rita regravou "A Minha Alma", um dos dos sucessos compostos pelo músico para O Rappa. Nas redes sociais, a cantora escreveu: "Marcelo Yuka descansou? que a obra dele siga tocando as almas pra todo o sempre, especialmente neste momento que vivemos." Maria Rita ainda destacou na postagem a frase "PAZ SEM VOZ NÃO É PAZ. É MEDO", um dos versos mais emblemáticos da canção de YuKa que ela regravou.

Em 1969, durante uma viagem à Europa, Elis Regina concedeu uma entrevista fazendo duras críticas à Ditadura. O regime havia exilado vários artistas daquela geração. "O Brasil está sendo governado por gorilas. Sem querer ofender os gorilas", ela declarou de forma contundente e ao mesmo tempo irônica. A declaração rendeu problemas na volta ao Brasil. Elis não foi presa por conta da sua enorme popularidade, mas teve que depor e, em retaliação, foi obrigada a se apresentar num evento esportivo organizado pelos militares. Foi duramente criticada pelo grupo que resistia ao Regime, porém mais tarde acabou perdoada. Gravou a música "O Bêbado e o equilibrista", do compositor Aldir Blanc, canção que mais tarde se tornaria o hino da anistia. "Como nossos Pais", de Belchior, "Águas de Março", de Tom Jobim, e "Upa Neguinho", de Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri também foram canções de enorme sucesso na carreira de Elis.

Em 19 de janeiro de 1982, o Brasil se despediu de Elis Regina. A morte teria sido causada pela ingestão de drogas lícitas misturas à substâncias ilícitas. 15 mil pessoas estiveram no velório da cantora, no Teatro Bandeirantes, em São Paulo. O corpo foi sepultado no Cemitério do Morumbi. No trajeto entre o local do velório e o cemitério, 100 mil pessoas estiveram nas ruas se despedindo de Elis Regina. Para muitos músicos, críticos e especialista, a Pimentinha, ainda hoje, é considerada a maior cantora brasileira de todos os tempos.