Os investidores ouvirão do Presidente Bolsonaro e de seu guru-ministro da economia Paulo Guedes, as perspectivas de que a nona maior economia do mundo possa se tornar mais favorável aos negócios, depois de mais de uma década de políticas intervencionistas de governos anteriores.
O fato é que os investidores precisarão, e querem, mais do que apenas promessas. Anos de escândalos de corrupção, recessão econômica e turbulência política que incluíram um impeachment presidencial ainda estão frescos na memória coletiva. Até mesmo a eleição de López Obrador, de esquerda, no México, não ajuda o Brasil.
Agora, o novo líder do Brasil, terá que convencer seu público nos Alpes suíços de que pode cobrir um enorme déficit orçamentário, cortando gastos e encontrando fontes adicionais de receita.
Em seu longo voo para Davos, Bolsonaro terá o plano mais crucial para lidar com um déficit orçamentário de cerca de 7% do PIB - uma minuta de proposta para reduzir os gastos com aposentadorias e economizar até 1 trilhão de reais em 10 anos. Se ele atrairá apoio parlamentar suficiente para o projeto de lei, é que será o momento mais decisivo para sua administração.
Com a ausência de líderes regionais como o argentino Mauricio Macri e o mexicano Andres Manuel López Obrador, além de grandes nomes como Donald Trump ou Xi Jinping, Bolsonaro deve roubar alguns dos holofotes em Davos. Enquanto os presidentes da Colômbia, Equador e Paraguai foram agrupados no mesmo painel sobre a América Latina, Bolsonaro dará seu próprio “discurso especial” no palco principal com o fundador do Fórum Econômico Mundial, WEF em inglês, Klaus Schwab.
A comitiva do presidente incluirá seu czar anticorrupção, o Ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro, e o chefe de sua equipe econômica, o Ministro Paulo Guedes. Espera -se que Guedes, formado na Universidade de Chicago, elabore planos para reduzir o tamanho do governo, cortar os benefícios de pensão e reduzir as tarifas de importação.
O potencial do país é enorme. O Brasil não apenas possui em grandes reservas de energia, mas também um mercado consumidor considerável com demanda reprimida por todos os tipos de bens e serviços de qualidade, desde cuidados de saúde de primeira linha a carros mais baratos e melhorias na infraestrutura.
Tomemos o exemplo dos painéis solares. O setor cresceu quase 400% no ano passado e ainda representa apenas 0,4% da matriz de energia do Brasil. Isso se compara a cerca de 6% do consumo de energia solar na Alemanha, onde a radiação solar é 40% mais fraca do que no Brasil, segundo dados do Banco Mundial.
Poderá ainda ocorrer a venda de até 200 empresas estatais, incluindo a gigante de energia Eletrobras, além de setores de terceira linha da Petrobrás. As oportunidades são grandes, mas dessa vez, ao que indica, o voo não será de uma galinha, mas de uma harpia que acaba de trocar as penas.