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Moradores de Brumadinho lamentam tragédia

"Há um sentimento de revolta já que, mais uma vez, infelizmente, falhas na fiscalização e sinergia entre os órgãos que cuidam do controle das barragens não foram suficientes", diz professora

Por Nilber Ferreira em 26/01/2019 às 10:33:27

Foto: Lilian Paraguai

O dia seguinte foi de perplexidade e medo entre os moradores e parentes de vítimas, que observavam o resultado da "tsunami" de resíduos de minério após a lama de rejeitos varrer tudo o que estava pela frente na tarde da última sexta-feira (25) quando uma barragem da mineradora Vale se rompeu na cidade de Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte. Calcula-se 1 milhão de metros cúbicos de descarte - na localidade conhecida como Córrego do Feijão. De acordo com o governo de Minas Gerais, há ao menos 9 pessoas mortas que ainda não identificadas. 

"Há um clima de apreensão muito forte. Nas redes sociais, as pessoas postam fotos dos amigos e parentes desaparecidos, esperançosos de terem notícias a cada listagem divulgada ou atualização oficial", revela a professora Lilian Paraguai, moradora local.

Segundo Lilian, a lama não chegou com força ao centro de Brumadinho, onde mora. “Vivo no bairro de São Bento, que não foi afetado diretamente pela lama. Mas sei que o rejeito foi sendo derramado até 8 km após o local onde existia a barragem”, conta ela, que também é sindicalista da área de Educação. “Há um sentimento de revolta já que, mais uma vez, infelizmente, falhas na fiscalização e sinergia entre os órgãos que cuidam do controle das barragens não foram suficientes para evitar o turbilhão de metais despejados em Brumadinho”.

Reinaldo Brum, também morador da cidade, disse que a sociedade civil já se movimentou no sentido de mobilizar grupos de apoio às vítimas da tragédia. "As redes sociais estão pipocando para discutir as ações de auxílio às vítimas. Há uma grande comoção na cidade e nos arredores diante dessa barra pela qual estamos passando", relata Reinaldo.

Ainda existe uma falta de clareza nas informações fornecidas pelas autoridades em relação ao número de desaparecidos e dos que foram resgatados ou encontrados pelo Corpo de Bombeiros. Os últimos boletins divulgados entre os familiares informavam 189 resgatados com vida.

É bom lembrar que apenas três anos separam essa tragédia de Brumadinho, com a que aconteceu em Mariana, no mesmo estado, cujo resultado não trouxe punição e nem o reparo adequado às vítimas. Segundo avaliou o Comitê de Crise montado para minimizar os danos causados, a tragédia de Brumadinho será maior no que tange ao número de vítimas fatais.

Com colaboração de Bia Amorim

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