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Circunferência aumentada da barriga sinaliza perigo para saúde

Relação cintura-estatura (RCE) dá alerta, aponta pesquisa

Por Cristina Ramos em 26/01/2019 às 11:24:38

Thiago Boechat e sua cervejinha: RCE alto pode causar preocupações (Foto: Arquivo pessoal)

Embora a sociedade cada vez mais esteja diante da evidência científica sobre o mal que a "famosa pancinha" faz, muitos adeptos ao chopp com pastel, batata-frita e churrasquinho, insistem em fingir não saber o perigo que uma barriga acentuada traz para à saúde.

A relação entre a circunferência da cintura e a altura do indivíduo indica risco cardiovascular aumentado mesmo para pessoas saudáveis e até sem sobrepeso. Uma pesquisa feita no estado de São Paulo, onde a iguaria "um chopp e dois pastéis" fazem parte da rotina paulista, mostra o quanto é importante se cuidar da dieta e da saúde.

Homens e mulheres com acúmulo excessivo de gordura na região do abdômen têm maior risco de desenvolver problemas cardiovasculares. O alerta tem sido feito há anos por especialistas da área da Saúde, mas não são apenas aqueles com a chamada obesidade abdominal que estão em perigo.

Um novo estudo verificou que pessoas fisicamente ativas e sem sobrepeso, mas com valores de relação cintura-estatura (RCE) próximos do limiar de risco, também têm maior probabilidade de desenvolver distúrbios no coração comparadas com pessoas com menores valores de RCE.

Segundo um estudo publicado na revista Scientific Reports feito por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Presidente Prudente e Marília, em colaboração com colegas da Oxford Brookes University, na Inglaterra e com apoio da FAPESP, revela que "pessoas saudáveis e fisicamente ativas, sem sobrepeso e histórico de doenças metabólicas ou cardiovasculares, mas com valores de RCE próximos do limite do fator de risco, também têm maior probabilidade de desenvolverem distúrbios no coração em comparação com aquelas com menor acúmulo de gordura na região da cintura", segundo ressalta o professor da Unesp de Marília, coordenador da pesquisa, Vitor Engrácia Valenti.

De acordo com Valenti, estudos recentes sugerem que a RCE - obtida pela divisão da circunferência da cintura pela estatura - fornece informações mais precisas de riscos cardiovasculares do que o Índice de Massa Corporal (IMC), que avalia a distribuição de gordura pelo corpo.

O embasamento da pesquisa se propõe a investigar se a recuperação do controle autonômico da frequência cardíaca após o exercício físico é diferente entre homens saudáveis com diferentes valores de RCE.

Para isso, eles dividiram em três grupos 52 homens saudáveis e fisicamente ativos, com idade entre 18 e 30 anos, de acordo com os valores de RCE.

O primeiro grupo foi composto por homens com menor porcentagem de gordura corporal e com RCE entre 0,40 e 0,449 - abaixo do limiar de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O segundo grupo foi formado por homens com RCE entre 0,45 e 0,50 - próximo ao limiar de risco. E o terceiro grupo, por homens com RCE acima do limite de risco, entre 0,50 e 0,56. Os participantes foram avaliados durante dois dias.

"O exercício aeróbio comprovou que todos eles eram fisicamente ativos. Não eram atletas, mas tinham o hábito de fazer atividades físicas, como jogar futebol nos fins de semana, por exemplo", completa Valenti.

O tempo de recuperação cardíaca autonômica após o exercício permitiu avaliar o risco de apresentar uma complicação cardiovascular imediatamente após a atividade física e também estimar o risco de desenvolver uma doença cardíaca", relata Valenti. "Se a pessoa demora mais tempo para recuperar a frequência cardíaca normal isso indica que apresenta maior risco de desenvolver distúrbio no coração."

As análises das medidas indicaram que os grupos com RCE próximo e acima do limite de risco para o desenvolvimento de doenças cardíacas apresentaram recuperação cardíaca autonômica mais lenta tanto no esforço máximo como no moderado.

"Constatamos que os voluntários do grupo com valores de RCE próximos ao limite de risco também apresentam maior probabilidade de desenvolver doenças no sistema cardiovascular", alega Valenti.

O alegre carioca portador de uma barriguinha de chopp, como é o caso de Thiago Boechat, 35 anos, professor de Física, fala que "tomar cerveja nesse calor é fundamental, não tem como fugir disso, ainda mais na sexta-feira, que é um dia que acaba atraindo a gente para tomar uma cerveja ou um chopinho no bar. Já tentei parar, já consegui reduzir bastante, antigamente eu bebia o final de semana quase que todo, fora o dia em que tinha jogo do Flamengo, que eu também bebia durante a semana. Mas agora, eu bebo mais moderadamente. O que me complica de beber no final de semana é porque a minha esposa não tem carteira de motorista, e, graças a Deus, nisso eu sou bem "politicamente correto". Quando a gente sai eu não bebo mais, fico no refrigerante e na água mesmo. Não é só me colocar em risco na direção, é ainda mais agravante colocar a minha mulher e as minhas três filhas em risco de um acidente de carro, além de parar numa lei seca e ter que responder criminalmente por isso", finaliza.

Já Vera Maria Alves de Sousa, 71 anos, aposentada, comenta que dizem que ela não parece ter a idade. A receita? Segundo ela, é o suco de cevada. "Que ajuda com certeza. Se você tem dor no peito, dor na perna, não tem coisa melhor, é o que cura. Curto chopp, curto cerveja, tem que experimentar", finaliza Vera.

Valéria, 50 anos, militar, que está de bem com a balança e com a barriga conta que pratica atividade física, dança três vezes por semana, nada duas e faz duas vezes musculação, que é um reforço para as suas outras atividades. "Posso dizer, que o exercício físico é fundamental na vida da gente. A máquina vai ficando velha, se ela não for treinada enferruja. E é isso, atividade física e alimentação equilibrada. Nada de dietas rígidas, inflexíveis, palavra-chave: equilíbrio. Já o Chopp, no meu caso, não é só no final de semana, é quando eu tenho vontade, sem restrições, nada de absolutismo quanto à alimentação. Com esse calor, que pede um chopinho com certeza, ainda mais acompanhado com um pastelzinho, é tudo de bom. É possível? A palavra de ordem é equilíbrio", enfatiza a militar.

Valéria e a prática de exercícios físicos (Arquivo pessoal)

André Luis, 52 anos, vendedor, conta que hoje em dia cuida muito bem da saúde. Faz natação e segundo ele, qual o motivo disso? "Quando eu tinha 18 anos usava muita droga, cerveja direto, cigarro, noitada, trocava o dia pela noite, ficava três, quatro dias fora de casa, e isso chegou a um ponto, que aos 42 anos, descobri que estava com diabetes. Tenho neuropatia diabética, pra quem não sabe, é a avaria dos nervos inferiores da perna, dói 24 horas por dia, de manhã, tarde e noite. Hoje em dia tenho que tomar vários remédios para controlar o diabetes e a neuropatia que dói pra caramba. Tenho certeza que estou pagando pelo que colhi. Hoje estou com 52 anos, continuo fumando, droga não uso mais, cerveja parei também. Hoje em dia estou muito melhor.  Atravesso a piscina por debaixo d"água 25 metros, faço 2500 metros por aula, quase 7 mil e pouco por semana. Quando a gente é novo só pensa em diversão. Malandro, a gente um dia vai ficar velho e ninguém pode correr disso. Como é que você vai querer a sua velhice? Com saúde ou ferrado? Você tem que pensar no futuro. Estou pagando caro, sinto uma dor que você não tem noção", encerra André.

 

 

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