“Uma nova chance dada por Deus”.Foi desta forma que Juliana Pereira, funcionária da Vale que escapou da morte em Brumadinho, resumiu o fato de ainda estar viva. Em entrevista exclusiva ao portal Eu, Rio!, a técnica de enfermagem falou sobre a tragédia que abalou o país. Juliana falou também sobre a dor de perder os amigos de trabalho, entre eles, a médica Marcelle Porto Cambussu, primeira vítima fatal a ter o corpo identificado após o incidente.
Juliana Pereira da Silva tem 30 anos de idade e há um ano trabalhava como técnica de enfermagem nas instalações da companhia Vale do Rio Doce, em Brumadinho-MG. Nesta sexta-feira (25), ela encerrou o expediente às 07h20 da manhã, porque havia começado a trabalhar na noite anterior. Antes de deixar o prédio administrativo da empresa, se despediu dos amigos e foi para casa. Poucas horas depois, o local de trabalho de Juliana era devastado por um mar de lama.
“Quando tudo aconteceu minha família ficou preocupada. O telefone não parava”, explicou Juliana, ainda assustada com o ocorrido.
Horas antes da tragédia, enquanto ainda cumpria o expediente, Juliana circulou pelos setores da empresa, que agora não existem mais. Com o coração devastado, a técnica de enfermagem fala da dor de perder amigos. Com alguns, a funcionária da Vale havia falado pouco antes da tragédia acontecer. Ela só não sabia que pela última vez. “Minhas colegas do setor estão desaparecidas”, lamenta Juliana, citando inclusive a também técnica de enfermagem Angelita, última pessoa com quem falou antes der ir embora.
MÉDICA MORTA NA TRAGÉDIA ERA AMIGA DE JULIANA
A médica Marcelle Porto Cambussu, 35 anos, foi a primeira vítima fatal do incidente a ter o corpo identificado. Juliana lembra da colega de trabalho com emoção: “Ela era uma excelente profissional. Competente, alegre, alto astral. Marcelle era prestativa, tinha um coração maravilhoso, amava os animais e sempre estava disponível para ajudar aos mais carentes”.
Sobre o rompimento da barragem, Juliana afirma que jamais lhe ocorreu a possibilidade do incidente. “Nunca imaginei isso, pois era fiscalizado e teve fiscalização recentemente, e tivemos treinamento sobre o assunto”, conclui a técnica de enfermagem que escapou da morte porque encerrou o expediente pouco tempo antes da tragédia acontecer.