Thayane Tavares, atualmente com 25 anos, ficou paraplégica após ser uma das vítimas do Massacre de Realengo. No dia 7 de abril de 2011, um atentado na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, deixou 12 crianças mortas e famílias que nunca mais voltaram a ser as mesmas.
Com a nova condição, Thayane precisa de uma série de cuidados para se manter:
“Depois que eu fiquei paraplégica, eu passei a ter necessidade de fazer uso de certos insumos como sonda de alívio para poder esvaziar a bexiga... questões também do intestino, remédios”.
João Tancredo, advogado de Thayane, explica que chegou a ser firmado um acordo com a Prefeitura do Rio para atender a essas necessidades, mas parte dele foi descumprido, o que levou a mais um processo na Justiça:
“O município começou a descumprir o acordo no que se refere ao tratamento dela. Também oferecimento do transporte, etc. Então nós tivemos que entrar com ação para buscar o tratamento completo e mais danos psicológicos em decorrência do acidente”.
A reivindicação também inclui prejuízos causados às irmãs da vítima, como explica o advogado:
“As irmãs de Thayane são também autoras nos processos, também entraram com essa indenização, porque elas sofrem com o sofrimento da irmã, é o chamado dano reflexo”.
O advogado João Tancredo explica que grande parte das famílias de vítimas do atentado já fizeram acordos, que incluem o dano da morte, ou danos físicos e psicológicos, que exigem vários tipos de tratamentos.
Uma das vitórias alcançadas recentemente foi o estabelecimento de uma indenização de R$ 30 mil, por danos morais, a um sobrevivente da tragédia, no fim de março deste ano. Mas Tancredo ressalta a demora para amenizar o sofrimento das famílias:
“A Justiça, a gente sabe que ela é lenta. Muita demora mesmo. Isso piora o trauma das famílias”.
Para Thayane, atualmente bacharel em Direito e atleta de paracanoagem, o mais importante hoje é conscientização, especialmente na esfera política:
“Para hoje, o que é mais importante, eu acredito que é a conscientização. Principalmente a conscientização do governo, que parece que eles não têm, infelizmente. Até hoje, o governo trata massacres escolares aqui no Brasil como casos isolados. Quando os pais enviam a criança para o que eles acreditam ser a segunda casa, lá dentro eles não têm segurança, não estão protegidos, tomam tiro, morrem, ou ficam paraplégicos, enfim. Você manda o seu filho para a escola sem saber se ele vai voltar”.
A luta em protesto contra o massacre de Realengo, e tantos outros ocorridos no Brasil, segue viva por meio de movimentos sociais e atitudes como as de Thayane, que se tornou uma voz incansável na defesa dos estudantes brasileiros.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que, dos nove insumos e medicamentos fornecidos regularmente para Thayane, quatro estão disponíveis desde o dia 23 de março aguardando a retirada pela família. Três foram entregues e dois ainda não foram, pois estão em processo de compra. Com relação ao processo judicial, a Procuradoria do Município acrescentou que a ação segue os trâmites normais no Tribunal de Justiça.
Ouça no podcast do Eu, Rio! a reportagem de Carolina Pessoa, da Rádio Nacion
Agência Brasil e Radioagência Nacional