O presidente Lula disse que o governo brasileiro vai articular junto ao Brics, bloco econômico integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) um esquema para socorrer a Argentina. Essa articulação, inclusive, vai ser coordenada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O presidente Lula informou que já conversou com a presidente do Banco dos Brics, o Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, sobre a possibilidade de o grupo ajudar a Argentina.
Ouça no podcast do Eu, Rio! a reportagem da Rádio Nacional sobre a costura de Lula e Dilma pela liberação de recursos do Banco dos Brics, o NBD, para financiar economia argentina.
Os argentinos são os maiores parceiros comerciais do Brasil na América do Sul e enfrentam uma nova crise na economia, com desvalorização do peso, perda do poder de compra e uma inflação que em março chegou a 104% ao ano.
Em relação à linha de crédito para financiar empresas brasileiras que exportam para o mercado argentino, o presidente Lula explicou que o objetivo é ajudar também o Brasil.
Por seu lado, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, ressaltou que deseja que o Brasil retome o espaço ocupado pelos chineses. Ele ainda agradeceu o apoio declarado do presidente Lula em buscar socorro financeiro.
As equipes dos dois países irão se reunir nas próximas semanas para encontrar uma solução para alguns entraves nas negociações, como a garantia que os importadores argentinos podem oferecer, já que a moeda e os títulos nacionais perderam valor com a crise econômica.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, na noite desta terça-feira (2/5), durante quase quatro horas no Palácio do Alvorada, em Brasília, para buscar uma solução para ajudar as empresas brasileiras que exportam para o país vizinho e também para o aperto que vive a economia argentina.
Precisamos ajudar os empresários brasileiros que exportam para a Argentina e financiar as exportações brasileiras, como a China faz com os produtos chineses. Estamos discutindo uma forma para que nossos exportadores continuem com suas empresas vendendo para a Argentina”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
Em declaração após o encontro, que teve participação de integrantes do alto escalão da área econômica dos dois países, Lula afirmou que quer ajudar a tirar “a faca do FMI do pescoço da Argentina”, e que o país vizinho “só quer crescer e gerar empregos”. Para ele, auxiliar o principal parceiro comercial do Brasil no continente significa também fortalecer a economia brasileira.
“Precisamos ajudar os empresários brasileiros que exportam para a Argentina e financiar as exportações brasileiras, como a China faz com os produtos chineses. Estamos discutindo uma forma para que nossos exportadores continuem com suas empresas vendendo para a Argentina”, afirmou o presidente.
Em busca de uma saída para conseguir garantias bancárias para empréstimos a esses empresários, Lula afirmou que durante sua viagem à China conversou com Dilma Rousseff, que atualmente preside o NBD (Novo Banco de Desenvolvimento), o banco de fomento dos BRICS, em Xangai.
“Queríamos saber se os BRICS poderiam ajudar, mas a presidenta Dilma explicou que o NBD não pode ajudar um país que não seja membro. Saí de lá, fui a Pequim e pedi ao presidente Xi Jinping que ajudasse a Argentina. Hoje, conversei com ela e ela contou que o ministro das Relações Exteriores da China foi a Xangai conversar sobre isso. Eles descobriram que precisam mudar um artigo do regulamento”, explicou.
O presidente Lula disse que essa mudança será assunto da próxima reunião dos governadores do banco do BRICS, no dia 29 deste mês, e pediu que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, compareça na qualidade de governador do Brasil. "O Brasil tem compromisso com o Mercosul e com a Argentina. Vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para tentar resolver os problemas econômicos, para fazer com que a Argentina volte a ser uma economia próspera na nossa querida América do Sul".
O presidente da Argentina agradeceu os esforços feitos pelo governo brasileiro. “Valorizo os esforços que o Brasil faz e comemoro a posição explícita que o governo brasileiro tomou para ajudar a Argentina. Acho que tivemos um encontro muito bom para colocar as coisas em movimento. Demos um passo muito importante. Escutamos uma definição categórica do Brasil”, afirmou.
Fonte: Agência Brasil e Radioagência Nacional