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Flamengo terá que se explicar de novo ao MP depois da vistoria no Ninho

Presidente do Clube promete indenização a famílias antes do parecer da Justiça. Força-tarefa determina proibição de acolhimento e pernoite no CT

Por Cezar Faccioli em 12/02/2019 às 12:34:28

Foto: Twitter do Flamengo

A força-tarefa responsável pelo acompanhamento das investigações e cobrança das providências sobre o incêndio no Centro de Treinamento Geoge Helal (Ninho do Urubu), em Vargem Grande, Zona Oeste do Rio marcou para a manhã da próxima sexta-feira (15/02), na sede do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) nova reunião com representantes da diretoria do Flamengo. No encontro, serão debatidas as informações técnicas recolhidas na vistoria da terça-feira (12/02) e repasse das devidas recomendações ao clube. O Procurador-Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, afirmou que, desde a sexta-feira (8), dia do incêndio que resultou na morte de dez jovens atletas e ferimentos em outros três, estão suspensas atividades de acolhimento e pernoite de atletas no Centro de Treinamento rubro-negro. E que, independentemente do pagamento de indenizações às famílias e dos desdobramentos a partir da vistoria técnica, todas as questões nas esferas cível e criminal serão apuradas.

A primeira reunião, na tarde de segunda-feira (11/02),  teve como objetivo mobilizar os esforços de diferentes órgãos públicos para viabilizar a construção de soluções para indenização imediata e apoio às famílias dos dez atletas vítimas do incêndio, bem como dos três feridos. Foi anunciada também a realização, na manhã desta terça-feira (12/02), de vistoria técnica no clube, visando à regularização das instalações do Ninho de Urubu, que pode ser parcial ou totalmente interditado. O MPRJ anunciou que a força-tarefa, sanada a primeira fase do atendimento às vítimas e suas famílias, e da coleta de informações para periciar elementos que esclareçam as razões do incêndio, farão inspeções em outros clubes formadores .

O Ministério Público do Trabalho, o MPRJ e a Prefeitura integraram a vistoria, mas seus representantes não falaram com a imprensa. Em paralelo, a Prefeitura divulgou dois projetos, um de 2010 e outros de janeiro do ano passado, que o Flamengo entregou aos órgãos de licenciamento: nos dois, a área incendiada não previa alojamentos. No primeiro, a área teria uma lavanderia e um serviços administrativo. No segundo, a área previa um estacionamento maior. Em nota, a Prefeitura se defendeu da acusação de omissão formulada por especialistas em gerência de risco sob o argumento de que a lei prevê a inspeção apenas em casos de denúncia e do Habite-se

Participaram da reunião de segunda-feira os seguintes representantes dos órgãos que compõem a força-tarefa que tratará dos desdobramentos do caso: o procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem; o defensor público-geral do Estado, Rodrigo Pacheco; o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho (MPT), Fabio Villela; o secretário de Polícia Civil, delegado Marcus Vinicius Braga; o comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Roberto Robadey; o assessor especial do governador Wilson Witzel, defensor Arnaldo Goldenberg; o procurador-geral do Município do Rio, Antônio Carlos Sá; e o auditor-fiscal do Trabalho, Alex Bolsas, além do presidente do Flamengo, Luiz Rodolfo Landim, outras autoridades, representantes do clube e membros do MPRJ.

“O principal objetivo deste encontro é estabelecer parâmetros de acolhimento para as famílias dos atletas vítimas deste episódio que, em sua maioria, vivem em condição de vulnerabilidade, e tinham nesses jovens promessas de esteio. As mortes desses meninos, reconhecidos como de talento diferenciado,  por certo, causam impacto não só em seus familiares, mas também nas comunidades em que residiam. O presidente do Clube de Regatas do Flamengo reiterou hoje seu compromisso de garantir todo o suporte. E nossas estruturas técnicas, na companhia de representantes de todas as instituições participantes da força-tarefa, farão amanhã ampla vistoria in loco,  para verificação de toda a estrutura do Ninho do Urubu”, afirmou Gussem.

O PGJ destacou ainda a postura colaborativa assumida pelo presidente do Flamengo. “Luiz Rodolfo Landim se comprometeu a acolher todas as recomendações técnicas que serão feitas após essa vistoria, visando à adequação do espaço para sua reabertura, em total segurança e com os devidos laudos autorizando seu funcionamento. Essas questões são extremamente importantes, pois sinalizam para as famílias das vítimas, e para o conjunto da sociedade, todo o comprometimento dos órgãos públicos, e do próprio clube, para que o ocorrido seja de fato esclarecido, e que eventos como esse não se repitam”, pontuou.

O presidente do Flamengo falou dos compromissos assumidos.

“Estamos na administração há pouco mais de 30 dias. Nosso objetivo é levar conforto às famílias, reduzindo ao máximo sua dor e sofrimento. Para isso, não temos economizado recursos, e arcamos com custos de passagens, diárias de hotel, atendimento hospitalar e psicológico. Conversei pessoalmente com os familiares. Tínhamos a guarda e, portanto, temos a responsabilidade sobre esses jovens. Nossa Justiça é demorada. Por isso, o intuito é indenizar, de forma justa, todas as famílias, e o quanto antes. Não vamos medir esforços e vamos colaborar com as autoridades para esclarecer o que ocorreu e fazer as adequações necessárias, até porque é preciso retomar o trabalho com os jovens, que ali recebem desde a formação educacional ao treinamento técnico, passando pela assistência médica e odontológica”, resumiu Luiz Rodolfo Landim.
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