Completou um ano, no último dia 18 de julho, aguardando despacho no Senado Federal, o Projeto de Lei n° 642, de 2022, apresentado pela senadora Rose de Freitas (MDB-ES), que prevê que as empresas com 100 ou mais empregados, sempre que possível, deverão contratar um psicólogo para atendimento de seus empregados.
Debates sobre temas como ansiedade, depressão, síndrome do pânico ou burnout estão se tornando cada vez mais comuns. Isso porque o Brasil, de acordo com o último mapeamento sobre transtornos mentais feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS), passou a liderar após a pandemia de covid-19 o ranking mundial de população com maior prevalência de ansiosos do mundo, com cerca de 9,3% dos brasileiros diagnosticados com ansiedade patológica.
Já o levantamento Monitor Global dos Serviços de Saúde, de 2022, realizado pela empresa de pesquisa Ipsos, mostra que a preocupação dos brasileiros com as doenças psíquicas já supera, inclusive, os temores com o câncer. Segundo o estudo, 36% dos entrevistados citaram a preocupação com a saúde mental, enquanto 34% citaram o câncer.
O cenário fez com que o meio corporativo também se aprofundasse nas discussões sobre cuidados com a saúde mental. O Grupo Epicus Outlier, empresa especializada em controladoria, contabilidade e compliance, com sede no Rio de Janeiro, por exemplo, conta há um ano em seu Conselho Consultivo com uma psicóloga responsável por atender os funcionários, lidando com rotinas e aspectos emocionais envolvendo o lado pessoal e o profissional.
“Nosso propósito não foi trazer um benefício corporativo, e sim apoiar nossas pessoas, muitas vezes confusas com as constantes mudanças de um mundo acelerado em informação, numa sociedade que vem sendo transformada ideologicamente. Nós não temos acesso às consultas que seguem os protocolos de sigilo e confidencialidade profissional, contudo é perceptível que a presença da psicóloga já é algo necessário e faz total diferença para o clima organizacional de nossa empresa”, relata Thamiris Abdala, Diretora Organizacional & Controladoria do Grupo Epicus Outlier.
A profissional citada por Thamiris é a psicóloga Maria Eduarda Monteiro, que vê na psicologia organizacional a tarefa de compreender o comportamento dos indivíduos dentro de uma organização e sua interferência na produtividade e funcionamento da empresa. “O foco deve ser a saúde mental dos colaboradores”, explica Maria, que também ressalta a importância de instruir os funcionários sobre o assunto.
“Para abordar sobre transtornos mentais, o primeiro passo é a psicoeducação, que pode ser promovida através de palestras, materiais, campanhas, rodas de conversa etc., onde o objetivo é conscientizar sobre os transtornos, como se caracterizam, quando é necessário buscar ajuda, e principalmente, como prevenir. Além disso, é importante que a empresa estimule um ambiente de colaboração, onde uma pessoa que esteja em intenso sofrimento psíquico se sinta acolhida e não julgada em seu local de trabalho”, pondera.