Clara Nunes era daquelas indiscutíveis portelenses, assim como Paulinho da Viola e Monarco. Homenageando a cantora, a Portela trouxe como enredo, em 2019, a vida e a obra da intérprete de canções inesquecíveis como "Contos de Areia" e "Morena de Angola". O sincretismo religioso de Clara, que tinha um altar pessoal em sua residência, misturando elementos católicos, espíritas e afrosagrados, foram o ponto alto do desfile. A carnavalesca Rosa Magalhães, conhecida por seu capricho, levou para sua comissão de frente as guerreiras de iansã. "As forças da natureza", o primeiro Clara Nunes era daquelas indiscutíveis portelenses, assim como Paulinho da Viola e Monarco. Homenageando a cantora, a Portela trouxe como enredo, em 2019, a vida e a obra da intérprete de canções inesquecíveis como "Contos de Areia" e "Morena de Angola". O sincretismo religioso de Clara, que tinha um altar pessoal em sua residência, misturando elementos católicos, espíritas e afrosagrados, foram o ponto alto do desfile. A carnavalesca Rosa Magalhães, conhecida por seu capricho, levou para sua comissão de frente as guerreiras de iansã. "As forças da natureza", o primeiro carro alegórico, abriu os caminhos da verde e azul de Madureira, onde muitos integrantes desfilaram chorando de saudades.
A brasilidade de Clara foi demonstrada nas alas "pierrôs", "colombinas", "baianinhas", "malandros", "palhaços". Outra alegoria fez referência à tela "Carnaval em Madureira", da artista plástica modernista Tarsila do Amaral, mostrando a folia da população suburbana, a Torre Eiffel construída no coração do bairro e a visita dos franceses, em 1924. A ala "Cantadores Mineiros" levou à avenida o Departamento Feminino e os compositores da Portela na Folia de Reis do interior de Minas Gerais, estado natal da portelense Clara Nunes. A escola também representou a congada, as pastorinhas e a folia do divino.
"Minas de Todos os Santos", a terceira alegoria, ressaltou sua religiosidade católica que, mesclada às tradições populares do interior mineiro, exerceu grande influência sobre a cantora. Já o quarto setor da Portela demonstrou a brasilidade de raiz africana de Clara com oxalá, associado à criação do mundo e dos seres humanos; as yalorixás, referência às mães-de-santo, líderes espirituais nos terreiros de umbanda e candomblé; as ekedis, que cuidam das necessidades das entidades das "casas de axé"; oxum, protetora da Portela; ijexá, um ritmo festivo; ogum, orixá guerreiro, santo de Clara; e yansã, um dos "orixás de cabeça" da intérprete.
A Portela também levou à passarela os grandes momentos de Clara na escola, como "Ilu-aiê", samba de 1972 que a cantora levou para um de seus álbuns; "Macunaíma", desfile de 1975 em que Clara puxou o samba; e a "Ressurreição das Coroas", carnaval de 1983 da Majestade do Samba, último antes de sua morte. A "passagem" da madrinha da azul e branco fechou o desfile: o "menino Deus" chamando a cantora e os portelenses chorando em Madureira; o voo da sabiá ao infinito; a estrela brilhante e a alegoria que mostrou o já citado altar de Clara. A atriz Sheron Menezes era só alegria no final do desfile. "É um amor que arrepia!", sentenciou.