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Tuiuti faz da Sapucaí cenário da resistência contra a coxinha ultradireita

Saga do povo sertanejo contra o coronelismo nordestino mostrada na passarela

Por Edison Corrêa em 05/03/2019 às 04:44:09

Carro Alegórico do Bode e Comissão de Frente. Fotos: Jorge Hely/Portal Eu,Rio!

A escola de São Cristóvão levou à Sapucaí a estória do "Bode Ioiô", que se transformou em personagem da cultura sertaneja ao ser eleito vereador em 1922, num ato de protesto em Fortaleza. Muitas pessoas referem-se ao enredo como um ato carnavalesco "Lula Livre", com relação à soltura do ex-presidente. Política à parte, a Tuiuti veio forte em 2019, tentando o título após o vice-campeonato de 2018. A comissão de frente veio falando da disputa pelos nichos eleitorais, onde o bode - que já aparece ali - acabou eleito e aclamado pelo povo.


A fuga da seca foi referência na abertura do desfile, com suas paisagens e o sol escaldante. O pede-passagem mostrou a exaltação ao salvador da pátria" do enredo, representado pelo totem cearense. O abre-alas tratou de um delírio provocado pela fome em uma paisagem árida, mas que produz vida. A alegoria veio com os retirantes salvaguardando uma licença poética: a presença de Ioiô em meio aos flagelados da seca.

O segundo setor demonstrou vida de Ioiô à beira-mar, onde escapou da panela e tornou-se mascote de uma empresa inglesa, desfrutando da brisa da capital. Os vendedores da Praia do Peixe (Iracema) e do Mercado foram retratados em alas. O segundo carro alegórico mostrou a cidade de Fortaleza, o oásis do bode. Já o terceiro contou a boemia do bode em meio a bares, cafés e rodas de viola, entremeada por alas como Alma de Poeta, Café Java, Bode Noturno, Boêmio Bonequeiro e Serestando ao Luar.

A República Velha, com um "novo salvador", foi destrinchada no quinto setor, que trouxe o carro alegórico "A Fauna Eleitoral", com as alas que relataram a farra da manipulação do voto, os currais eleitorais, o coronelismo, o voto de cabresto e a "vida de gado". Ao final, o bode da resistência - protagonizado por Ioiô, o Salvador da Pátria, que se encontra empalhado no Museu do Ceará, enfrenta a coxinha ultraconservadora, que mira a própria arma contra "tudo que está aí".

A última alegoria veio com o bom humor cearense, único meio de resistir e vencer o autoritarismo. No desfile em si, a lamentar apenas problemas com dois carros alegóricos ainda na Presidente Vargas, antes de entrar na avenida, o que atrapalhou o andamento da escola. Porém, Márcio Luís, muso da escola, mantem a chama do título acesa. "Sou da comunidade do Tuiuti. No ano passado fomos vice. A escola veio linda e maravilhosa e a expectativa é grande", afirmou.

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