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Mangueira traz novas versões de acontecimentos históricos brasileiros

Última ala representou favelados com bandeira do país estilizada

Por Edison Corrêa em 05/03/2019 às 05:44:46

A verdade sobre Dom Pedro I, os assassinos da história e a bandeira estilizada. Fotos: Jorge Hely/Portal Eu, Rio!

Mais invasão que descobrimento. Assim inicia a saga mangueirense na passarela do samba carioca com seu (bom) enredo. Para esclarecer a ocupação social do território que hoje chamamos Brasil, o carnavalesco Leandro Vieira Já mete o pé na porta com o primeiro carro alegórico, que trouxe o indígena e a onça com seu filhote, ambos dizimados. Aliás, o genocídio indígena no brasil é o mote do segundo setor, "heróis de lutas inglórias". O segundo, "O sangue retinto por trás do herói emoldurado" também questiona os bandeirantes, responsáveis pelo massacre de mais de 300 mil indígenas.

O terceiro setor mostrou nomes de personalidades heroicas associadas à luta negra pela liberdade. O terceiro carro, "O trono palmarino" levou Nelson Sargento, como Zumbi dos Palmares, a cantora Alcione como Dandara, a guerreira e esposa de Zumbi, e Tia Suluca encarnando Aqualtune, a avó, com seus conhecimentos, fundamentais para a consolidação do Estado Negro, a República de Palmares. Patrícia Souza, destaque da Mangueira e primeira musa trans da escola, disse que a agremiação contou a história que não está nos livros. "Representei a exuberância indígena antes de Cabral chegar ao Rio de Janeiro".


Evelyn Bastos, rainha de bateria, personificou Esperança Garcia, mulher negra, escravizada, que ousou denunciar por escrito as violências que sofria em uma fazenda localizada no Piauí, a 300 km da hoje capital Teresina, enquanto os integrantes da bateria vieram fantasiados de sacerdotes negros. O grupo de musas da escola, coletivo de mulheres da comunidade mangueirense, celebrou a luta feminina nos séculos de trabalho escravo no Brasil e as baianas da Mangueira personificaram as mulheres negras escravas que usavam o dinheiro que ganhavam para comprar cartas de alforria.

O quarto setor trouxe a história do Brasil não contada nos livros, com a versão anedótica de Pedro Álvares Cabral; a versão jocosa de Dom Pedro I; o marechal republicano que não tirou a monarquia da cabeça; o retrato imaginário de Tiradentes, criado à imagem de Cristo; e a história que a história não conta, com a versão possível de obras literárias. Débora de Almeida, segunda porta-bandeira da escola, contou que a expectativa para a apuração é grande. "Vim de Dandara", lembrou.

O desfile encerrou com "os brasis que fizeram um país", com a parte boa da história: a obra de Aleijadinho; o saci-pererê de origem indígena; o heroico povo nordestino e os "heróis dos barracões", representação vitoriosa da multidão de favelados, homens e mulheres pobres, moradores de comunidades espalhadas pelo Brasil. Na última ala, todos vestidos de verde e rosa, as cores da agremiação, segurando uma bandeira do Brasil estilizada nos mesmos tons de cores com a frase "Índios, negros e pobres" ao invés de "ordem e progresso".


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