O musical "Ney Matogrosso - Homem com H" será apresentado de hoje, quinta-feira (19), a sábado (21), no Teatro Riachuelo, no Centro do Rio. O espetáculo tem texto de Emilio Boechat e Marilia Toledo, que assina também a direção ao lado de Fernanda Chamma, e direção musical de Daniel Rocha. O cantor camaleônico Ney Matogrosso, grande homenageado no musical, é vivido no palco pelo ator Renan Mattos, escolhido por meio de um intenso processo de audições. O elenco ainda conta com Vinícius Loyola (Cazuza), Hellen de Castro (Rita Lee), Enrico Verta (Gérson Conrad), Yudchi (Vicente Pereira), Bruno Boer (cover Ney Matogrosso), Murilo Armacollo (Ney jovem), Fábio Lima (ensemble), Giselle Lima (Beíta), Ju Romano (Regina Chaves), Ivan Parente (Moracy do Val), Maria Clara Manesco (Luli), Maurício Reducino (Ensemble), Matheus Paiva (Marco de Maria), Nando Motta (João Ricardo), Tatiana Toyota (Rosinha de Valença), Daniela Cury (Elvira) e Vitor Vieira (Matto Grosso).
A ideia de montar essa produção, de acordo com a diretora e autora Marília Toledo, surgiu depois que ela soube que seus sócios Marcio Fraccaroli e Sandi Adamiu tinham adquirido os direitos para realizar um longa-metragem sobre a vida de Ney Matogrosso. “Eu logo pedi para que também adquirissem os direitos para levar a história para o teatro. Tivemos um almoço com o Ney, quando pudemos compartilhar com ele nossa visão sobre esse espetáculo musical”, revela.
“Ney é um artista único, com uma visão cênica impressionante. Ele cuida de todas as etapas de sua performance. Além da escolha de repertório e banda, pensa no figurino, na iluminação, na direção geral. E, quando está em cena, transforma se em diferentes personagens. Ele nunca estudou dança e, quando o vemos em cena, parece que nasceu sabendo dançar. Mas ele jamais se coreografa. É sempre um movimento “livre”, admira-se a encenadora.
Já para Renan Mattos é extremamente desafiador interpretar uma figura tão importante para a nossa cultura. “O Ney é um ser camaleônico, tem um lado íntimo reservado, mas ao mesmo tempo é catártico no palco e apresenta um leque de personas a cada música. Cada uma dessas personas tem algo de místico, de misterioso, de selvagem, um ser ‘híbrido’ como definido por muitos, indecifrável. Então eu não me sinto interpretando o Ney e sim pedindo licença e pegando emprestado tudo aquilo que ele transformou na música e na vida das pessoas, todos os caminhos que ele abriu para pessoas e artistas como eu e isso é muito significativo”.
O musical chega para apresentar ao público essa figura tão importante para a nossa cultura, “algo obrigatório para qualquer brasileiro”, como considera Toledo. “A discografia de Ney Matogrosso passeia pelos compositores mais importantes do nosso país, o que reflete a nossa história. E sua história de vida é extremamente interessante. Ele sempre foi um homem absolutamente autêntico. Experimentou e ousou como nenhum outro artista, enfrentando os militares de peito aberto e nu, literalmente”.
A montagem Ney Matogrosso – Homem com H explora momentos e canções marcantes na trajetória do cantor sem seguir necessariamente uma ordem cronológica. A história começa em um show do Secos & Molhados, em plena ditadura militar, quando uma pessoa da plateia o xinga de “viado”. Essa cena se funde com momentos da infância e adolescência do artista. E, dessa forma, outros episódios vão se encadeando na cena.
Para contar essa história, Marilia Toledo e Emilio Boechat mergulharam nas três biografias já publicadas sobre Ney Matogrosso, além de matérias jornalísticas, vídeos e o próprio artista. “Com a ajuda do próprio Ney, tentamos ser fiéis aos fatos mais importantes de sua vida privada e profissional, mas com a liberdade lúdica que o teatro pede”, revela a diretora.
Em relação às canções do homenageado, o musical também não segue uma cronologia – exceto naqueles momentos em que a dramaturgia precisa ser mais fiel à realidade. As músicas vão sendo encaixadas no contexto de cada cena e as letras acabam estabelecendo um diálogo interessante com a vida de Ney Matogrosso.
Quanto à encenação, as diretoras apostam em um ensemble potente, que irá apoiar o protagonista do começo ao fim – e praticamente sem sair de cena. As trocas de figurinos e até maquiagens, inclusive, serão feitas na frente do público, brincando com as ideias de oculto e o explícito o todo o tempo.
Além da própria trajetória do homenageado, o musical discute um tema cada vez mais relevante para a realidade brasileira: a liberdade. “Principalmente, a liberdade de ser quem se é, a qualquer custo. Ney combateu a ditadura não com palavras, mas com sua atitude cênica, entrando maquiado e praticamente nu no palco e na televisão, na época de maior censura que o país já viveu. As ambiguidades que ele sempre trouxe para o público foram pauta na década de 70 e permanecem em pauta até os dias de hoje. Ele também sempre foi adepto do amor livre e deixou clara a sua bisexualidade desde o início”, destaca Toledo.
Outro aspecto que tem bastante importância na montagem são os icônicos e provocantes figurinos de Ney Matogrosso. A diretora conta que a figurinista Michelly X está mergulhada em uma intensa pesquisa dos trajes originais usados pelo artista-camaleão para poder reproduzi-los com bastante fidelidade. “Para a direção musical, demos total liberdade a Daniel Rocha na concepção musical e sonora. Ele tem uma inteligência profunda na arte de contar histórias por meio de seus arranjos e escolhas de instrumentos e vozes para cada momento da trama.
Ficha Técnica
Figurinos: Michelly X
Serviço
Ney Matogrosso - Homem com H
Teatro Riachuelo Rio
Rua do Passeio 38 – Centro
Tel: (21) 99566-7469
Data: Até 21 de outubro | Quinta a Sábado às 15h, Quinta, Sexta e Sábado às 20h
Vendas presenciais: Plateia VIP R$200 | Plateia R$120 | Balcão Nobre R$ 100 | Balcão Simples R$50
Lotação presencial: 999 lugares
Classificação: 14 anos
Duração: 3h com intervalo de 15 minutos