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Witzel: Polícia tem provas para prender os mandantes da morte de Marielle

Delegado disse não descartar envolvimento de milicianos.

Por Cezar Faccioli em 12/03/2019 às 23:17:25

Wilson Witzel anunciou a prisão de dois acusados pela execução da vereadora Marielle Franco. Foto: Agência Brasil

Em entrevista coletiva no Palácio Guanabara, para anunciar a prisão de dois acusados pela execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o governador Wilson Witzel informou ter ouvido do delegado Giniton Lages, responsável pelo inquérito do Caso Marielle desde o início das investigações, em março do ano passado, que há provas suficientes para prender os mandantes do crime. Witzel anunciou a contratação iminente de 180 delegados e o concurso para 800 a mil policiais, entre inspetores, escrivães e peritos.

O governador prometeu que fará frente ao sucateamento da Polícia Civil e garantirá o reequipamento da instituição. Witzel atribuiu a lentidão das investigações à precariedade de condições financeiras e materiais que encontrou no Estado do Rio de Janeiro. O governador disse confiar na Polícia e afirmou esperar respostas diante da demonstração de confiança que, segundo ele, deu à instituição, ao recusar nomeações políticas e acabar com esquemas de influência parlamentar nas nomeações de delegacias locais ou especializadas.

A ausência do Procurador-Geral, Eduardo Gussem, na entrevista, foi comentada pelo governador. Witzel confirmou o convite a Gussem para que comparecesse, informou respeitar a decisão do MP por uma entrevista a parte, mas fez questão de lembrar que é o responsável pela nomeação do Procurador.

Giniton Lages ressaltou que não haveria testemunhas de reconhecimento, pois o carro ficou parado por duas horas, sem que os assassinos deixassem seu interior, campanando Marielle na Rua dos Inválidos. O delegado informou ter a equipe conseguido 760 Gb de dados, em imagens que permitissem reconstruir o deslocamento do veículo em que estava o atirador.

Os vídeos indicam que no dia do crime o Cobalt partiu da Barra da Tijuca por volta das quinze para as cinco e chegou na Rua dos Inválidos, onde permaneceu por duas horas. Giniton Lages destacou que as investigações revelaram assassinos treinados, com capacidade de acertar disparos de um carro em movimento ou permanecer dentro de um veículo sem sair para pegar ar por 120 minutos. Lessa, o primeiro a ser apontado como suspeito, ficou meses monitorando os hábitos e roteiros de Marielle Franco, o que reforça a ideia de premeditação.

"Num crime dessa sofisticação e desse planejamento, não se consegue pistas com facilidade. Na única imagem disponível por câmeras de segurança, o atirador estava de touca, cobrindo o rosto. Ele se desfez do celular, e precisamos interceptar com mandados, medidas cautelares, tanto ligações de voz como processos telemáticos, para chegar a um universo de 30, 40 suspeitos. Num caso assim tem que se inverter a ordem. Partir de um universo de prováveis autores para buscar evidências que os comprometam. O trabalho exaustivo dos homens e mulheres da equipe permitiu a conclusão da primeira fase, indicando os prováveis executores, com evidências robustas, que virão a público no momento certo," explicou.

Em mais de uma resposta, Lages enfatizou a 'obsessão' do suposto executor contra a esquerda. Destacou que ele pesquisou Marielle e Marcelo Freixo na internet com insistência, chegou a levantar dados sobre o coordenador da intervenção federal na Segurança Pública do Estado do Rio, general Walter Braga Neto, e deixou claro em postagens sua repulsa pelas teses e causas defendidas por Marielle.

Questionado se a insistência nesses dados não configurava a tentativa de provar que Ronnie Lessa e Elcio Queiroz teriam então atuado por conta própria, Lages negou.

"Estamos falando pela primeira vez, ao longo do processo não confirmamos nem negamos qualquer hipótese sobre as motivações do assassinato. Versões como o envolvimento do vereador Marcelo Siciliano (PHS) ou do miliciano Orlando de Curicica como mandantes circulam em nossa confirmação. E agora é a mesma coisa: não estamos descartando que haja mandantes, que alguém tenha pago pelo assassinato. Essa é a fase da investigação, identificar os executores, encerrada com sucesso. Agora é descobrir a motivação do crime, se houve um ou mais mandantes, e quem eles seriam. Uma investigação de crime complexo, pode-se dizer, não pode ser dada como encerrada," argumentou. Nada, à primeira vista, que corrobore à promessa do governador de rápida prisão dos mandantes.
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