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Antirracismo também se aprende na escola

Pesquisa mostra que 40% dos entrevistados viveram episódios de preconceito racial em escolas, faculdades ou universidades

Por Portal Eu, Rio! em 17/11/2023 às 12:38:42

Foto: Divulgação

Muitas escolas desenvolvem iniciativas contra o bullying, mas a maioria ainda não conta com estratégias para combater outro tipo de violência que costuma acontecer dentro da sala de aula - o racismo. Uma pesquisa da Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC), que ouviu duas mil pessoas no país, mostrou que 40% dos entrevistados viveram episódios de preconceito racial em escolas, faculdades ou universidades. O trabalho apareceu em segundo lugar, com 29%, à frente de espaços públicos, estabelecimentos comerciais e ambiente familiar. Para mudar esse panorama, as escolas precisam investir numa educação antirracista, que passa por ensinar a história africana e dos povos originários, como já determinam as leis 10.639, de 2003 e 11. 645, de 2008. No entanto, é fundamental pensar e agir para além delas.

"É necessário, que a própria instituição, a própria escola, se repense. Quais são as suas referências teóricas, culturais, estéticas? Como é composto o seu quadro de funcionários, o corpo discente, o corpo docente? Elas têm diversidade nesses espaços?” indaga Patrícia Queiroz, consultora pedagógica do Laboratório Inteligência de Vida (LIV).

Presente em mais de 600 escolas em todo o país, o LIV, programa de educação socioemocional que já beneficia mais de 500 mil alunos, desenvolveu uma trilha antirracista, voltada para professores de instituições de ensino parceiras, sugerindo uma série de ações que podem ser adotadas. Uma delas, diz Patrícia, é sempre prestar atenção no material pedagógico para ver se ele está adequado à diversidade que caracteriza o Brasil.

'Já na educação infantil é possível - e necessário - aprender sobre diversidade através da literatura, da contação de histórias, de brincadeiras, referências musicais e artísticas no geral. Elas devem promover o conhecimento e o respeito à diversidade, a cultura africana, afro-brasileira e indígena e trazer, antes de mais nada, a representatividade”.

Outro ponto que Patrícia destaca é a própria composição racial das escolas. '’Temos diversidade na composição dos profissionais da escola? Como é composto o meu quadro docente e discente? Esse movimento inclui revisar ponto a ponto da escola, dos documentos até a materialidade cotidiana, para garantir que tudo caminhe sob a ótica antirracista”.

Para a especialista do LIV, a educação antirracista necessita ser trabalhada desde o início da vida escolar. A abordagem precisa estar de acordo com cada faixa etária, e ela sugere que, nos anos iniciais, o tema seja tratado de forma lúdica, através da literatura, jogos e referências artísticas. Já com alunos dos outros segmentos, mais velhos, é possível aprofundar o tema e apresentar o impacto do racismo na sociedade, com exemplos de ações que podem ser tomadas para construirmos uma sociedade mais justa.

A educação socioemocional também pode ser uma aliada na construção de uma escola antirracista, já que ajuda a construir espaços de fala e escuta, desenvolvendo a empatia e o pensamento crítico, habilidades essenciais para se habitar em sociedade de forma mais respeitosa.

“A educação antirracista não é só um tópico de estudo, ela faz parte de uma mudança prática que a gente quer ver na sociedade, uma mudança que precisa se alastrar. Além disso, ao envolver todos os membros da comunidade escolar, a responsabilidade de ter uma educação antirracista se torna compartilhada, o que fortalece sua eficácia”, finaliza Patrícia.

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