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André Lemos é o primeiro diretor negro a ser laureado em 31 anos de Prêmio Shell

Ele foi premiado por seu trabalho no espetáculo Esperança na Revolta

Por Portal Eu, Rio! em 13/03/2019 às 16:19:10

Sol Miranda da 2a Black com André Lemos da Confraria do Impossível. Foto: Divulgação

As favelas cariocas e as ruas formaram e deram sensibilidade e garra para dirigir o espetáculo Esperança na Revolta, ao qual deu a André Lemos, do Coletivo Artístico Confraria do Impossível, o título de melhor direção. Em 31 anos de história do Prêmio Shell de Teatro Rio, que aconteceu na noite desta terça-feira (12) no Copacabana Palace, esta é a primeira vez que um diretor negro é laureado.

Cria de muitas periferias cariocas, como Mangueira, Jacaré, São Carlos e Lapa, André aos 33 anos marca a história da arte negra no Rio. Em seu discurso de agradecimento fez questão de ressaltar a ancestralidade negra e agradecer aos antepassados que abriram caminho para que ele recebesse a premiação.

O ator Reinaldo Junior, discursou pela Confraria do Impossível, que foi líder de indicações no segundo semestre da premiação, nas categorias direção, música e autoria, lembrando a falta de proporcionalidade negra nas produções teatrais. “O Apartheid moderno se dá quando pessoas anti racistas não incluem negros nas suas produções, precisamos questionar isso, não só na cena, mas na estrutura do pensamento”, destaca.

O coletivo artístico 2ª Black foi premiado na categoria Inovação, por criar um espaço de encontro, pesquisa, troca de saberes e apresentações de experiências cênicas de artistas negros.

Os dois coletivos lembraram em seus discursos que apesar da noite ser de festa muitos avanços ainda precisam ser feitos. “Esse prêmio vem pros favelados, pras donas marias de luto como reparação histórica, porque ainda que estamos aqui neste hotel de luxo não temos muito o que comemorar, porque daqui há algumas horas o evento acaba, alguns voltam pros seus apartamentos, outros muito poucos para os guetos e para baixada, porque daqui há cada 23 minutos um jovem negro morre, porque faz um ano que mataram a Marielle e nós não sabemos se estaremos vivos amanhã para comemorar a vitória do hoje”, conclui.

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