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Duas unidades de acolhimento são inauguradas em Cascadura

Foco é na assistência intensiva e na capacitação profissional

Por Portal Eu, Rio! em 24/12/2023 às 11:00:00

CAPSad Dona Ivone Lara funciona 24 horas. Foto: Edu Kapps

A Prefeitura do Rio inaugurou, neste sábado (23/12), a RUA Sonho Meu (Residência e Unidade de Acolhimento) e o Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Outras Drogas (CAPSad) Dona Ivone Lara, em Cascadura, na Zona Norte. As unidades integradas fazem parte do programa Seguir em Frente, lançado nesta semana, com uma série de medidas de acolhimento, assistência social e saúde, para o cuidado e diagnóstico da população em situação de rua. O objetivo é criar condições para a ressocialização, promovendo a reinserção no mercado de trabalho e resgatando a cidadania dessas pessoas.

– Esse é o nosso esforço para ajudar quem mais precisa. É muito bom ver esse trabalho e esse esforço. Não é uma tarefa simples, mas, acima de tudo, vamos mostrar que tem luz no fim do túnel, que dá para ser melhor, reconstruir e ter uma vida feliz – afirmou o prefeito do Rio, Eduardo Paes.

A RUA Sonho Meu fica no complexo de oito prédios do antigo Hospital Nossa Senhora das Dores, em Cascadura. Será a primeira unidade de acolhimento da Secretaria Municipal de Saúde neste molde e conta com dormitórios, banheiros, lavanderia, armários com cadeados e refeitório. Outras unidades serão abertas para atender a população em situação de rua e ampliar a capacidade de abrigamento do município.

O local é um centro médico com equipes multiprofissionais e oferece atividades físicas, de lazer e culturais, programas de capacitação ocupacional e geração de trabalho e renda. Tem áreas abertas de convivência, sala de informática, serviço para emissão de documentos. Os abrigados recebem kits de higiene e vestuário e poderão ter apoio para inclusão em programas de educação para adultos.

O complexo terá horta comunitária, onde os próprios abrigados poderão trabalhar e receber um pagamento proporcional pelas horas de execução das atividades. Eles também poderão executar outros serviços de interesse público, recebendo remuneração para isso.

– Esse é um programa integrado, com várias faces. O objetivo é acolher as pessoas que estão em situação de rua, e a meta principal é que as pessoas possam ter um lar definitivo e voltar a ter seus vínculos sociais. Das 7.800 pessoas que estão em situação de rua, cada uma vai ter uma necessidade diferente e vai entrar numa fase diferente do programa – disse o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

A proposta é que, com a documentação em dia, o cuidado médico e de saúde mental e as novas ocupações aprendidas, essas pessoas possam ser encaminhadas para o trabalho formal, para a inserção produtiva por meio do empreendedorismo ou integradas em programas estaduais ou federais de emprego, criando assim condições para se manterem com autonomia e reintegradas à sociedade.

– Não haverá distinções em relação à identidade de gênero, orientação sexual, vestimentas, raça/etnia, nacionalidade, religião e idade para receber essas pessoas em nossas unidades. Estamos vendo todas as necessidades delas. Vai ser permitida a entrada e permanência dos animais de estimação na RUA Sonho Meu, porque muitas vezes esses pets são o único vínculo e servem de suporte emocional para as pessoas em situação de rua – disse o secretário municipal de Assistência Social, Adilson Pires.

A unidade conta com atendimento veterinário do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária (IVISA-Rio) para esses animais, garantindo também vacinação e microchipagem, além de encaminhamento para castração gratuita nas unidades do IVISA-Rio.

CAPSad III Dona Ivone Lara funciona 24 horas

O CAPSad terá funcionamento 24h e é especializado no atendimento de transtornos psíquicos decorrentes do uso prejudicial de álcool e outras drogas. Esse é o 36º centro de atenção psicossocial da cidade, oitavo especializado no tratamento de pessoas com dependência química. O CAPSad III Dona Ivone Lara tem dez leitos para acolhimento noturno dos pacientes que precisam de um tratamento mais próximo e intensivo.

Renato Vaz Ribeiro, de 24 anos, está abrigado na unidade. Ao lado da esposa Roberta da Luz Pereira, de 32 anos, que se tornou deficiente visual morando na rua, ele exalta o atendimento que recebeu no CAPSad III:

– Passamos por situação de rua uma vez, nos estabilizamos, mas acabamos voltando para a rua, onde sofremos preconceito 24h por dia. Ainda mais sendo um casal. É a pior coisa que você pode imaginar. A importância disso aqui está escrito na placa: tratamento de álcool e drogas. O que nos deixou muito impressionado foi que, quando chegamos aqui, todo mundo perguntou como estávamos, nos apresentaram o lugar. Nós somos tratados como seres humanos e estamos sendo preparados para voltamos para o mundo bom – declarou Renato.

Grande dama do samba, Dona Ivone Lara era enfermeira e trabalhou com a psiquiatra Nise da Silveira no antigo hospital psiquiátrico que hoje leva o nome da médica. Dona Ivone ajudou a criar uma rotina terapêutica e um tratamento mais humanizado por meio da musicoterapia, além de percorrer vários bairros do Rio em busca das famílias dos pacientes assistidos. A música “Sonho meu”, composta por ela, teve como inspiração os anos de trabalho em saúde mental.

Programa Seguir em Frente tem o objetivo de criar condições para a ressocialização

O programa Seguir em Frente é novo plano de ação e monitoramento para efetivação das medidas de proteção à população em situação de rua na cidade do Rio. A proposta do projeto é dividida em cinco fases sequenciais:

– Criar condições para que as pessoas saiam das ruas para unidades de acolhimento

– Promover o tratamento de saúde que cada um precise

– Dar ocupação remunerada, no próprio projeto, em atividades de interesse público ou em instituições parceiras

– Construir um futuro com a preparação para o mercado de trabalho e geração de renda

– Conquistar autonomia para deixar o programa e seguir em frente, reinserido na sociedade e com a cidadania resgatada.

O plano de ação estabelece que, para facilitar o acesso a albergues, abrigos, hotéis sociais e unidades de acolhimento da rede pública municipal, essas instituições passarão a permitir – sem restrição de horário – a entrada de pessoas em situação de rua mesmo quando não tenham documento de identificação, respeitando o nome social para registro daqueles que o utilizarem. Caso a lotação já esteja completa, a unidade deverá acolher a pessoas em espaço provisório até sua alocação em outra unidade com vaga disponível.

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