Em operação desde outubro de 2014 e com área total de 130 km², e investimento de R$ 15 bilhões, o Porto do Açu, em São João da Barra, ainda não aqueceu a economia do norte fluminense, principalmente dos municípios de São João da Barra, onde está instalado, e de Campos. Na avaliação do economista Alcimar Chagas, professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), as duas cidades não estavam preparadas para o empreendimento, por falta de mão de obra qualificada e os fornecedores não terem conseguido se adequar. Mas o porto é a maior esperança da classe empresarial.
‘Estamos apostando no Porto do Açu. Vai ser a saída da região”, prevê o empresário Luiz Carlos Chicri, presidente da Carjopa (Comerciantes e Amigos da Rua João Pessoa e Adjacências). A entidade representa uma área de comércio popular em Campos.
Na avaliação do economista houve uma fuga de riquezas. “Observamos que houve uma fuga de toda movimentação econômica gerada nesse período pelo Porto. É como se fosse uma nave espacial, o entorno não se insere nesse complexo, o que gerou de riqueza lá saiu. Sem qualificação por parte dos trabalhadores e dos fornecedores, o porto acaba contratando trabalhadores de fora com experiência e comprando de fornecedores de fora”, observou o economista.
A afirmação do economista é contestada pela Porto do Açu, empresa que administra o complexo portuário. Segundo ela, atualmente 11 empresas estão instaladas no Porto – Edison Chouest, NOV, TechnipFMC, Wärtsila, InterMoor, Dome, BP-Prumo, Ferroport, Anglo American e Açu Petróleo, além da própria Porto do Açu, que opera o Terminal Multicargas (T-MULT), que movimenta coque, carvão, bauxita e carga geral. Elas empregam quatro mil trabalhadores, sendo 80% da região, principalmente São João da Barra e Campos.
Além disso, a Porto do Açu, em parceria com o Sebrae, criou, em 2012, o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores Locais (PDFL), que tem o objetivo de maximizar os benefícios oriundos da instalação do Complexo para fornecedores em potencial, residentes nos municípios do entorno do empreendimento, com destaque para São João da Barra e Campos. A idéia, segundo a empresa, é contribuir para a qualificação dos empresários da região. Desde que o projeto foi criado, mais de 800 empresas locais foram qualificadas.
De acordo com a Porto do Açu, está em desenvolvimento o Hub de gás do complexo portuário, que vai contar com termelétricas e unidade de regaseificação. O Hub é tido como uma solução comercial atraente para a monetização do gás associado produzido, além de oferecer infraestrutura competitiva em larga escala para o consumo de gás industrial.
“Trata-se de uma solução privada para o desenvolvimento do mercado de gás natural regional e brasileiro. As soluções presentes no hub permitirão a importação ou o recebimento do gás natural através de dutos offshore, o processamento do gás associado, armazenagem e exportação de líquidos de gás natural, consumo local das indústrias do polo industrial do Açu e conexão com o mercado consumidor. Esta logística permitirá maior competitividade para o gás natural e seus consumidores”, diz a empresa.
Além disso, o complexo já recebe uma média de cerca de 200 navios mês, somente neste ano, mais de 1.300 embarcações passaram pelo empreendimento.
História
A empresa diz que o Porto do Açu foi concebido, inicialmente, para ser um terminal para movimentação de minério de ferro. Com o andamento dos estudos para o desenvolvimento do projeto, foram verificados gargalos logísticos nos principais portos do país, ficando evidente a necessidade de construção de novos terminais portuários, que unissem, principalmente, profundidade para receber grandes navios, área industrial contígua e localização estratégica.
O empreendimento está estrategicamente localizado em uma área com boa profundidade de acesso aquaviário natural, a apenas 123 km da Bacia de Campos. O que permite atender às necessidades de logística e suprimento das atividades de exploração e produção de óleo e gás nas Bacias de Campos, Santos e Espírito Santo.