Condenado nesta semana a uma pena de seis anos e oito meses de prisão por suposto envolvimento com traficantes de drogas, Renan Santos da Silva, o DJ Rennan da Penha, já teve a oportunidade de se defender da acusação e negou à Justiça que tenha ligação com o crime organizado. Rennan é o idealizador do Baile da Gaiola, considerado o maior evento funk do Rio e que é realizado na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio.
Ele respondeu que não seria verdadeira a acusação de participar de organização criminosa na atividade de “olheiro” e promover bailes funk com a finalidade de enaltecer o tráfico de drogas.
Disse que não tem tempo disponível, nem necessidade financeira, de exercer a atividade de “olheiro”, pois realiza em média 15 bailes por semana. Negou que financiasse os bailes, explicando que quem custeia os eventos são os comerciantes, que instalam barracas para venda de bebida. Disse que todos os comerciantes reúnem dinheiro para pagar os músicos e o equipamento de som, e é dessa maneira que ele recebe seus rendimentos pela atividade profissional. Negou que alguma vez já tivesse recebido dinheiro do tráfico de drogas.
Renan negou ter algum acordo com os traficantes no sentido de promovê-los durante os bailes. Negou, também, a realização de bailes clandestinos, isto é, sem a anuência da UPP, declarando que “se quiser estender um pouco o baile os policiais vêm e acabam com o baile.
Sobre fotografias suas exibindo armas, Renan disse que a imagem foi feita no carnaval de 2013, esclarecendo que é comum fazer armas com madeira e fita isolante e tirar as fotos.
Duas testemunhas arroladas pela defesa de Renan protestaram também contra seu envolvimento com o tráfico. Uma delas disse que ele é conhecido na comunidade por ser um artista do “mundo do funk”, esclarecendo que Renan é músico. Disse que nunca ouviu falar do envolvimento dele com o tráfico de drogas.
Quanto aos avisos nas redes sociais sobre operações policiais, o depoente esclareceu que tais comunicações são comuns, e disse que ele próprio, que trabalha com comunicação e é ativista de direitos humanos, tem vários espaços de troca de informações com os moradores. Sobre o interesse público em tais avisos, explicou que há moradores que deixam os carros estacionados na rua e, quando o “caveirão” para na rua, danifica os carros dos moradores, porque as ruas são estreitas.
A segunda testemunha, que seria empresário de Renan esclareceu que a música produzida por ele trata da realidade da comunidade, e não é contra a UPP. Alega que as redes sociais anunciam a entrada do blindado da Polícia Militar na comunidade a fim de alertar os moradores, para a segurança da população.
O depoimento de um adolescente envolvido com o tráfico de drogas traz detalhes sobre o suposto envolvimento de Renan com os criminosos.
Em seu relato, o rapaz disse que Renan seria o DJ dos bandidos, sendo responsável pela organização de bailes funks proibidos nas comunidades da facção criminosa Comando Vermelho, para atrair maior quantidade de pessoas e aumentar as vendas de entorpecentes.
"O adolescente tem conhecimento de Renan seria organizador de bailes funk proibidos e que sua atuação seria deliberadamente orientada ao incremento do tráfico de entorpecentes, em associação ao Comando Vermelho", dizem os autos.
Esse adolescente falou que o DJ atuaria na área de vigilância informando aos traficantes a movimentação dos policiais, através de redes sociais e contatos no aplicativo “WhatsApp”. Ele relatou ainda que haveriam fotografias de Renan ostentando armas de grosso calibre.
"O depoente, questionado pela defesa sobre o teor dessas informações, detalhou que o tipo de informação prestada por Renan era “o Caveirão está subindo pela Rua X”, ou “a equipe está perto do ponto tal”.
Na sua decisão de condenar o DJ a Justiça entendeu que ficou evidente que a conduta praticada por Renan não era esporádica, mas característica de envolvimento estável com o tráfico de drogas. Segundo os autos, ele extraía rendimentos de sua atividade profissional através dessa relação com traficantes da comunidade, já que se utilizava de sua atuação em bailes funk para promover o tráfico de drogas.