O início do ano letivo se aproxima e muitos estudantes estão vivendo a importante decisão da entrada em uma Instituição de Ensino Superior (IES), escolhendo que curso farão e onde estudarão. Nesse contexto, a escolha da IES é tão importante quanto a escolha do curso em si e, muitas vezes, os estudantes negligenciam esse processo, definindo a instituição onde estudarão sem critérios claros que deveriam levar em conta nesta hora. Alguns desses critérios podem auxiliar os estudantes em uma das mais importantes fases da vida.
O primeiro deles é o corpo de professores. Esse é o critério mais importante. Se a Instituição tem um bom corpo docente, possíveis problemas com os demais critérios de análise podem ser mitigados. Para avaliar os professores, deve-se analisar duas dimensões: a experiência em docência e a experiência profissional.
“Na docência, deve-se olhar o tempo de experiência e como os estudantes atuais avaliam esse professor: se eles gostam do professor, como é seu relacionamento com os estudantes, como é a sua didática. Já do ponto de vista da experiência profissional, se você está falando de uma carreira mais de mercado, procurar saber se esse professor já exerceu a atividade prática. Quando o professor já atuou no mercado, ele consegue conjugar melhor questões teóricas com a prática, trazer exemplos que ajudam a entender os conceitos e tornam a aula mais interessante”, atesta Flávia Freitas, professora de Marketing e coordenadora nas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA).
Muitas instituições estão inovando e buscando novas abordagens pedagógicas que incorporam metodologias ativas centradas no estudante, tais como Aprendizagem Baseada em Projetos, Casos de Ensino e Aprendizagem Baseada em Problemas, só para citar algumas. Por que isso é importante? Porque, cada vez mais, os jovens não se engajam em aulas puramente expositivas. Até que ponto uma aula em que o professor apresenta conceitos e teorias, monopolizando todo o tempo de exposição, é capaz de capturar a atenção dos estudantes?
“Por outro lado, não é somente a prática que precisa estar presente. O ensino superior é um espaço de aprendizagem, de construção de dialéticas. Essas novas metodologias são poderosas porque conjugam teorias, modelos, conceitos com a prática e assim desenvolvem competências. As competências são o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para desempenhar uma profissão”, afirma Flávia.
Quando for avaliar a proposta pedagógica, o aluno deve avaliar também a ementa do curso e analisar as cargas de aula presenciais e à distância. O MEC autoriza que até 40% da carga horária do curso possam ser na modalidade à distância. Se por um lado isso contribui para uma maior flexibilização da carga de aulas, por outro faz com que alguns estudantes não gostem da modalidade. Então, é importante ter em mente quais modalidades atenderiam melhor os interesses do estudante e avaliar, efetivamente, qual a carga das disciplinas e se elas são presenciais ou não.
Toda instituição de ensino superior tem um tripé em ensino, pesquisa e extensão. Hoje, pelo menos, 10% da carga do curso devem ser ligados a atividades extensionistas e essas atividades podem contribuir muito para a formação profissional. Então, é importante perguntar quais são as atividades de extensão oferecidas e como elas contribuem para o desenvolvimento profissional do estudante.
“Não se pode deixar de lado a questão social. Uma parte importante da vida universitária é a construção de network, experiências sociais enriquecedoras. Para tal, deve-se analisar que oportunidades culturais e esportivas essa instituição oferece”, avalia a coordenadora da FACHA.
Claro que um critério muito importante é a tradição da instituição e seu reconhecimento no mercado. Quando você estuda em uma instituição respeitada no mercado, sua inserção pode ser facilitada. Avalie se a instituição possui processos de apoio para a entrada no mercado de trabalho, como áreas de divulgação de estágio, feiras de estágio e emprego, palestras e oficinas que auxiliam nos processos de seleção.
Cada vez mais, pessoas da terceira idade estão buscando a formação superior para melhorar sua carreira profissional. Nesses casos, algumas dicas especiais são importantes. Infelizmente, ainda vivemos preconceitos como o etarismo nas universidades. Mas, para além disso, uma pessoa que está longe das salas de aula por muito tempo precisará de um período maior para se adaptar à rotina de leituras, estudos, convivências. Muitas IES têm núcleos de apoio psicopedagógico que podem auxiliar nesse momento.
“Cursos e instituições que oferecem educação como se oferece uma camiseta em uma loja de departamento estão muitas vezes só oferecendo um diploma que sozinho não vai oportunizar um crescimento profissional. O que o mercado busca sempre são pessoas bem formadas. E com o crescimento das ferramentas de inteligência artificial, isso se torna ainda mais preponderante”, conclui Flávia Freitas.