Os assassinatos de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes completam 6 anos nesta quinta-feira, 14 de março de 2024, sem que os mandantes tenham sido identificados e responsabilizados. As motivações do crime também permanecem desconhecidas. Para honrar a memória das vítimas e exigir justiça, a vereadora Monica Benicio, viúva de Marielle, fará um ato simbólico no dia 14, a partir das 8h, nas escadarias da Câmara Municipal do Rio, na Cinelândia. Uma grande faixa será estendida na fachada do Palácio Pedro Ernesto cobrando respostas do Estado brasileiro.
“Já faz 6 anos que arrancaram minha esposa do meu convívio diário. Já faz 6 anos que executaram a liderança política feminista, negra e socialista, que lutava pela dignidade da favela. Já são 6 anos do assassinato político mais impactante das últimas décadas, do crime que abalou a nossa democracia e segue sem respostas. Já são 6 anos lutando, incansavelmente, por justiça. Nesse ato vamos gritar em alto e bom som que não iremos descansar enquanto não soubermos quem mandou matar Marielle e por quê. O Brasil, as famílias e a sociedade precisam e exigem essas respostas”, desabafa Monica.
Ouça no Podcast do Eu, Rio! o depoimento de Monica Benicio, viúva de Marielle Franco, sobre as iniciativas para cobrar a identificação e captura dos mandantes do assassinato da vereadora, morta há seis anos.
Às 10h será realizada uma missa na Igreja Nossa Senhora do Parto, na Rua Rodrigo Silva, nº 7, Centro do Rio. Logo depois, a partir das 11h, haverá um segundo ato por justiça no tradicional Buraco do Lume, na Praça Mario Lago. A concentração será em frente à estátua de Marielle. Em seguida, os manifestantes farão uma passeata até a Câmara de Vereadores. Essas atividades são organizadas pelo Instituto Marielle Franco (IMF).
A militância do PSOL, partido pelo qual Marielle foi eleita vereadora em 2016 com mais de 46 mil votos, também está organizando ações pontuais em vários bairros da cidade, com a colocação de faixas e cartazes para marcar os 6 anos do crime bárbaro que chocou o Brasil e o mundo.
Delação de Élcio de Queiroz e avanço da PF renovam esperança da viúva
“A execução brutal de Marielle nos levou a questionar que tipo de democracia é essa que usa a violência e a morte como forma de fazer política. Os últimos anos, em que tivemos um governo de extrema direita no poder, foram marcados pela morosidade das investigações e por trocas recorrentes nas equipes responsáveis pelo caso. Com a eleição de Lula, as esperanças foram renovadas, o diálogo com a Polícia Federal melhorou e as investigações finalmente avançaram. A delação do Élcio de Queiroz trouxe elementos importantes para montar esse quebra-cabeça e, sem dúvida, foi um passo fundamental. Agora, estamos na expectativa do anúncio oficial dos autores intelectuais do assassinato e da marcação do julgamento. Exigimos que as autoridades garantam que aqueles que cometeram esses atos hediondos sejam descobertos e responsabilizados. Não haverá democracia plena nesse país enquanto esse crime não for solucionado”, ressalta a viúva.
A expectativa é que Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de fazer os disparos e de dirigir o carro usado no crime, respectivamente, irão a júri popular ainda este ano.
"Seis anos é muito tempo de espera. Cada ano sem justiça representa uma oportunidade perdida de confrontar a impunidade. A luta por justiça por Marielle não é apenas por ela, mas por todos os corpos que esse Estado julga descartáveis e que não protege, não garante direitos, cidadania e muito menos reparação às suas famílias. Lutamos para que vozes corajosas como a de Marielle possam ser ouvidas e respeitadas. Nossa indignação é combustível para construir um novo mundo, onde Marielles possam florescer sem temer por suas vidas”, conclui Monica.