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Musical sobre Gonzaguinha vive imbróglio e continuidade é incerta

Filho do cantor acusa uso indevido de imagem. Produtor nega e se defende

Por Gabriel Gontijo em 02/04/2019 às 18:01:20

Ator Rogério Silvestre interpretando Gonzaguinha no musical que homenageia o cantor (Foto: Reprodução/Facebook)

Gonzaguinha dizia na música "O que é, o que é" que a vida é bonita, mas o mesmo não pode ser dito da polêmica envolvendo o musical "Gonzaguinha - O Eterno Aprendiz". Sucesso de público em vários teatros do Rio em 2018, o espetáculo se viu no meio de uma discussão na internet por causa de um desabafo de Daniel Gonzaga, filho do cantor e responsável pela Edições Musicais Moleque (também conhecido como Editora Moleque), empresa responsável pela obra musical e imagem do artista.

Em postagem feita em 26 de março no seu perfil pessoal no Facebook, Gonzaga deixa claro que o único espetáculo que pode falar sobre o filho do Rei do Baião é "Cartas Para Gonzaguinha". Três dias depois, a Editora Moleque publicou uma nota, também no Face, que ""Gonzaguinha - O Eterno Aprendiz" vem trabalhando sem a devida autorização para as suas atividades, tendo passado por diversos teatros brasileiros, efetuando vendas de produtos, assim utilizando-se indevidamente da imagem e do nome do artista". Em contato feito pelo "Portal Eu, Rio!" o intérprete do artista no palco e também produtor da peça, Rogério Silvestre, refutou tal afirmação.

"A única coisa que se comercializou nesse período foram os cds dos cantores que tem produções independentes e um DVD da peça que foi filmado em 2013. Não existe produto com a marca do Gonzaguinha ou do próprio compositor", declarou Silvestre.

Diálogos e conflitos

A peça esteve em cartaz em Belo Horizonte, Minas Gerais, na última sexta-feira (29) e o espetáculo foi possível graças a "um acordo específico" em "respeito ao público, técnicos e produtores do teatro que estão envolvidos na produção". Mas a nota deixa claro que a permissão foi dada "exclusivamente" para tal data e que "um novo acordo será realizado para o exame, através da detentora dos direitos de Luiz Gonzaga, dos resultados de atividades retroativas". O "Portal Eu, Rio!" conversou com exclusividade com Daniel Gonzaga, que deu sua versão sobre o imbróglio.

"Estamos vendo um crescimento exponencial de produtos com a cara do Gonzaguinha, além de outros artistas, como o próprio Gonzagão, Raul Seixas, Milton Nascimento, Caetanos Veloso e até o Bob Marley. O produto imagem é algo pessoal e intransferível. Ele tem um nome e as regras sobre isso estão muito relaxadas. Isso foi um basta, mas não é por causa do Gonzaguinha. Desde que eu trabalho na Editora Moleque, há 26 anos, todos pedem com muito respeito o uso da imagem dele", contou Daniel.

Enfatizando que não foi uma "decisão arbitrária", o filho do cantor fala que deu "amplas possibilidades" para que houvesse uma organização, mas enfatiza que o espetáculo não poderá ficar mais em cartaz até uma solução ser encontrada. Já Rogério Silvestre alega que o diálogo inicial, de fato, foi amistoso. Mas que o tom mudou há duas semanas.

"Tivemos um diálogo, a princípio amistoso e cordial, depois, de uns 15 dias pra cá, pouco antes das nossas apresentações no Shopping da Gávea, a comunicação com eles não ficou legal. Houve gritos desnecessários, não é gritando ao telefone que pessoas resolvem assuntos dessa grandeza. A partir disso passei a me comunicar com eles, apenas por e-mail. Fiz o contato também por e-mail com a produtora e estamos aguardando uma posição do escritório para um diálogo coerente e profissional dentro dos termos que se refere um contrato de uma homenagem ao grande artista Gonzaguinha. Lamentável que tudo isso aconteça em um espetáculo onde o publico deixa o teatro emocionado e feliz, cantando as canções deste mestre da MPB. Mas continuamos aqui querendo um contato amistoso e torcendo para que consigamos resolver essas questões", argumenta o ator e produtor.

Filho de Gonzaguinha fala que "não é pelo dinheiro". Produtor não sabe o futuro da peça

A situação parece estar distante de ser resolvida com um abraço da própria candura, como Gonzaguinha disse em "Um Homem Também Chora". Daniel deixa bem claro que a questão não visa nenhum lucro, pois o "dinheiro é ínfimo". Ele afirma que muitas instituições são beneficiadas com doações de parte do que é arrecadado com a comercialização da imagem de Gonzaguinha, além de citar o trabalho social do Projeto Asa Branca. Sobre o futuro da peça, o herdeiro disse que iria "ver o que acontece com a situação envolvendo o espetáculo". Sobre o tema, Silvestre afirma que uma solução não depende apenas da produção do musical.

Em sua defesa, o ator alega que o combinado quando a peça estreou, em 2013, é que a equipe de "Gonzaguinha - O Eterno Aprendiz" pagasse de forma integral o ECAD, algo feito "religiosamente até hoje" mesmo quando o musical teve prejuízos de bilheteria. Desconhecendo o que será proposto pelos herdeiros, Rogério Silvestre espera "poder levar o canto e a poesia do Gonzaguinha em todos os lugares do país, mas para isso, a justiça decidirá quem está certo ou não".

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