Para pedir a licitação do Bilhete Único e a redução do preço das passagens de transporte público, a ONG Casa Fluminense realizou nesta quarta-feira (3) nas imediações da Central do Brasil uma ação de conscientização. Foram distribuídos boletins e os populares puderam visitar o interior de uma caixa em que eram exibidas as principais questões dos passageiros.
O coordenador da Casa Fluminense, o economista Victor Mihessen, explica que a intervenção tem por objetivo obter transparência em relação ao preço das passagens:
“Por que é tão caro se a qualidade não atende? Todo mundo que passa pela Central do Brasil critica a qualidade do transporte. O pessoal reclama por informação e contra a pouca transparência em relação à formação da tarifa”, disse.
“A gente tem um custo de vida muito elevado. O peso do preço das passagens gira em torno de 20% do salário mínimo para quem usa apenas um transporte. No caso dos ônibus, a R$ 4,05. Ouvimos relatos de pessoas que passaram a caminhar por uma hora porque não tinha como fazer a integração com o trem. Quanto mais periférico, mais a gente vê que o desafio é maior”, disse.
Morador de Nilópolis reclama
Richard Bastos é morador do município de Nilópolis. Portador de perna mecânica, ele viaja com frequência para a capital. Ele critica a dificuldade que tem para obter passe livre em municípios diferentes:
“Como eu tenho deficiência, a maior dificuldade é tirar vários tipos de passe. Sou da Baixada e para cada região tem um tipo de passe. Seria bom se fosse um só para todas as regiões”, disse.
Richard viaja todos os dias até a Pavuna e, em seguida, até o Centro do Rio. Embarca em ônibus e faz baldeação com o Metrô. O custo de sua viagem é de R$ 8,20, apenas de ida. Diariamente, são mais de R$ 16,00 gastos apenas com a passagem.
Adriana Reis é outra passageira com gastos elevados de locomoção. Moradora de Mesquita, ela viaja para o Rio diariamente e questiona o alto preço que tem que pagar para viajar no transporte público:
“A condução de ônibus custa R$ 9,95. O trem custa R$ 4,60. Se não tiver bilhete, pago caro e eles ainda ficam com o troco. A qualidade é horrível. Tudo sucateado... e com risco de acidentes, tanto dentro quanto fora do ônibus”.
Peso do preço da passagem no orçamento
A passageira de Mesquita acha que o número de opções do transporte público deveria ser maior. E a preços mais acessíveis. Em um mês, passageiros como ela gastam R$ 600,00 apenas para ir e voltar em transporte público. Por este motivo, a Casa Fluminense realiza ações para pedir licitação e redução no preço do Bilhete Único, como conta Victor:
“Não houve licitação para que a Fetranspor explorasse esse recurso. A gente passa o bilhete e não sabe para onde o dinheiro vai. Qual a quantia é abortada ali. Por outro lado, o plano do atual governador tem como proposta reassumir o controle do bilhete único para o Estado. Não é possível que a gente tenha tanto dinheiro circulando e não tenha controle mínimo sobre esse serviço público”, disse.
A Casa Fluminense programa nova reunião na Biblioteca Parque, na Avenida Presidente Vargas, perto da Central. Gestores do transporte público carioca foram convidados. O evento será no dia 11 de abril, às 18 horas, na Avenida Presidente Vargas.