Na segunda-feira (20), o procurador da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da OAB-RJ, Paulo Henrique Lima, acompanhou a advogada Ingryd Souza à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), onde foi registrada a discriminação racial que Ingryd sofreu na loja da Zara do Barrashopping, no sábado, dia 18.
A advogada, que atua na Caixa de Assistência da Advocacia do Rio de Janeiro (Caarj) e preside a Comissão Nacional de Promoção de Igualdade Racial da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim), relata que estava acompanhada de seu companheiro e foi vítima de discriminação racial praticada por funcionários da loja após comprar uma blusa e um vestido.
Após finalizar suas compras, a advogada foi surpreendida pelo acionamento do alarme antifurto em dois momentos. A funcionária que estava na saída alegou que o alarme disparou por supostamente constar no sistema uma blusa de seda (diferente da adquirida pela vítima) escondida na bolsa da vítima.
Apesar de seu companheiro (de pele mais clara) portar três bolsas e uma mochila, a suspeita recaiu unicamente contra Ingryd, mulher preta de pele retinta. Após o primeiro constrangimento, a vítima tentou sair novamente da loja e o sensor disparou pela segunda vez. Seguranças foram chamados e solicitaram que ela retirasse seus pertences da bolsa e mostrasse a nota fiscal.
O presidente da CDHAJ, José Agripino, prestou solidariedade e disponibilizou a estrutura da comissão para dar suporte à vítima. “Casos dessa natureza não podem ser naturalizados, pois a abolição de todas as formas de violência racial é um condicionante para atingirmos a plenitude do Estado democrático de Direito”, afirmou o procurador da CDHAJ, Paulo Henrique Lima.
Ouça no Podcast do Eu, Rio! o depoimento do presidente da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OAB RJ, José Agripino, sobre a iniciativa da Ordem de respaldar a queixa de racismo apresentada contra a loja Zara.
A cadeia de lojas de vestuário e moda, de capital espanhol, divulgou nota oficial, em que alega repudir qualquer forma de discriminação:
Sobre o assunto, a Zara reforça que é uma empresa que não tolera qualquer ato de discriminação e lamenta que a cliente tenha se sentido desta maneira em uma de suas lojas. A empresa ressalta que está reforçando todos os processos e políticas de atendimento com as equipes para que suas lojas sejam sempre um ambiente seguro, acolhedor e inclusivo para todos.