A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) aprovou nesta sexta-feira (24 o local do projeto conjunto de mineração na jazida de urânio de Itataia, em Santa Quitéria, a 210 KM de Fortaleza (CE). Para desenvolver o projeto a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), detentora dos direitos minerários da jazida, mantém parceria com a empresa privada Galvani - Fosnor Fertilizantes Fosfatados do Norte-Nordeste SA. A autorização para construção e operação da mina, terá que passar pelo crivo do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O projeto Santa Quitéria vem sendo questionado por ter percorrido décadas deixando suspeitos rastros de casos de câncer na população. No site, da Galvani, consta a foto de um homem de chapéu sorrindo e a frase: “construir o futuro com segurança e responsabilidade social”. Em benefícios para a população: “Serão investidos mais de 2 bilhões de reais para a construção do complexo mineroindustrial. A massa salarial, considerando apenas os cerca de 500 empregos diretos, será de 100 milhões de reais por ano e aquecerá a economia regional”.
Representantes da Fiocruz Ceará, por meio da Coordenação de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (CAAPS), da área de Saúde e Ambiente e do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), registraram relatos sobre doenças como câncer e outras questões relacionadas à saúde chamando a atenção para a sua gravidade, em reuniões no ano passado. O BLOG também encontrou vídeos nas redes sociais respaldando a preocupação dos envolvidos na questão. Com 10 anos de atuação, o movimento nacional surgiu no Pará em luta contra a Vale e atua em 14 estados, incluindo o Ceará.
Se a boiada passar
a "ausência de dados sobre radiação" no manejo do urânio, "subdimensionamento de riscos", "ausência de efetividade das medidas mitigadoras", "ausência de comunidades no diagnóstico social" e a "falta de simulação computacional sobre dispersão de poluentes radioativos"
Como obter maiores informações sobre o caso? “No meio acadêmico podem ser encontrados muitos estudos como o artigo de Medeiros e Diniz publicado em 2015 sob o título “A mina de Itataia em Santa Quitéria-CE: o urânio e os risco da exploração”. No entanto, o projeto ganhou novos contornos com a recente assinatura de um memorando entre o governo do Ceará e o Consórcio. Sob a alegação de que o projeto foi reestruturado, o anúncio deste entendimento foi acompanhado dos supostos benefícios do investimento previsto e da criação de empregos, como sempre. Fala-se também em “destravar” o licenciamento ambiental, o que pode acontecer com o atual processo de desmonte ambiental. Assim, se a “boiada passar”, a exploração do urânio em Itataia poderá ser iniciada em 2023”, disse, na ocasião.