No dia em que a TV Eu, Rio! colocava no ar uma reportagem especial sobre o Quilombo Santa Justina, Santa Izabel, em Mangaratiba, na Costa Verde do Rio, denunciando violações que a comunidade vem sofrendo por parte da empreiteira Ecoinvest Desenvolvimento, parceira do Império X de Eike Batista, outro suposto crime acontecia no local. O morador José de Albuquerque Seabra, de 93 anos, passou mal em casa, na segunda-feira (15/4). Os familiares do idoso acionaram o atendimento do Samu, mas a ambulância foi retida na porteira instalada pela empreiteira no acesso principal à comunidade. Após aguardar por mais de 40 minutos, o idoso não resistiu e o seu corpo teve que ser transportado pelos filhos até a entrada do quilombo, de onde a viatura funerária também não conseguiu passar.
Um registro de ocorrência do caso foi feito pela família na 165ªDP (Mangaratiba). Na delegacia, eles afirmaram que quando a ambulância chegou ao quilombo, a equipe do Samu foi informada pelos seguranças da Ecoinvest que a estrada de acesso à residência do idoso estava sem condições de transitar, com lama e buracos. Na reportagem da TV Eu, Rio, mostramos que uma das queixas da comunidade é justamente o abandono da proprietária das terras, que além de não promover as melhorias necessárias para a qualidade de vida na região, proíbe que os moradores façam os investimentos por conta própria.
No registro de ocorrência, os parentes de José Albuquerque contam que conseguiram um carro particular para transportar o médico da portaria até a casa da família, mas quando chegaram ao local o idoso já havia falecido. O advogado que defende as causas das famílias quilombolas, Ivan Braga, disse que vai entrar na Justiça com processo pedindo indenização por danos morais.
José Albuquerque morava no quilombo Santa Justina, Santa Izabel há mais de dez anos, ao lado das filhas, genros e netos. Segundo o advogado, há duas semanas uma das filhas havia levado o idoso para uma consulta médica, quando foi constatado um quadro de infecção urinária e ele estava fazendo uso de antibiótico.
"As restrições impostas pela Ecoinvest ao povo quilombola dessa região não permite o acompanhamento médico domiciliar, ou seja, sempre as famílias passam por situações bem semelhantes a essa do senhor José", destaca Ivan Braga.