Uma operação da prefeitura do Rio de Janeiro para demolir 30 imóveis comerciais considerados irregulares acabou em tumulto e violência na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, na última quarta-feira (17). Segundo os moradores e comerciantes, eles não foram notificados previamente sobre a ação coordenada pela Secretaria Municipal de Ordem Pública. As equipes da Prefeitura chegaram ao local quando ainda estava acontecendo outra ação com agentes de segurança pública envolvidos na Operação Estruturada Ordo, organizada pelo Governo do Estado com o objetivo de coibir o domínio territorial por traficantes e milicianos e asfixiar financeiramente os grupos criminosos.
As equipes da Seop aproveitaram o apoio logístico da Operação Ordo para demolir os imóveis, o que causou insatisfação da população local. No meio da confusão, o ex-secretário Municipal da Juventude, Salvino Oliveira, foi agredido com socos. Ele é pré-candidato a vereador pelo PSD e disse que foi ao local para acompanhar a situação e tentar acalmar os ânimos.
Assista as imagens que mostram o momento em que Salvino Oliveira se preparava para dar uma entrevista e um grupo de homens começa a empurrá-lo e agredi-lo com socos, além de ovos que foram arremessados em sua direção:
Os protestos continuaram e policiais militares entraram em confronto com os manifestantes. Houve disparos de balas de borracha e bombas de gás. A Rua Edgar Werneck, a Estrada Miguel Salazar e a Estrada do Gabinal, principais acessos à Cidade de Deus, foram interditadas. Moradores colocaram fogo em latões de lixo e outros objetos que usaram como barricadas.
Os episódios geraram reflexos nos serviços públicos. Uma unidade de saúde interrompeu os serviços e nove linhas de ônibus tiveram seus itinerários modificados. Segundo a Rio Ônibus, um coletivo que fazia a linha Del Castillo x Alvorada foi apedrejado.
Após esses episódios de violência, o Secretário Estadual de Segurança Pública, Victor dos Santos, conversou com a imprensa no Centro Integrado de Comando e Controle e afirmou que a Operação Ordo não será interrompida. Ele destacou que ajustes são naturais em operações policiais e serão implementados para garantir a continuidade e eficácia da ação. O governo do estado estendeu a Operação Ordo para outras quatro comunidades: Covanca, Santa Maria e Bateau Mouche e do Jordão, todas na Zona Oeste, totalizando 14. Nessas regiões são frequentes e mais intensos os confrontos entre traficantes e milicianos, por disputa territorial.