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Fetranspor e BRT repudiam declarações do interventor Luiz Alfredo Salomão

Ex-deputado afirmou que os problemas no transporte público não serão resolvidos no prazo inicial previsto

Por Jonas Feliciano em 13/05/2019 às 23:59:08

Foto: Divulgação

Na manhã desta segunda-feira (13), em entrevista para o telejornal Bom Dia Rio, da Rede Globo, o interventor do BRT, Luiz Alfredo Salomão, afirmou que os problemas no transporte público não serão resolvidos no prazo inicial previsto pela intervenção. A fala de Luiz Alfredo não agradou os empresários do setor. Desse modo, entidades da categoria emitiram notas de repúdio em resposta ao ex-deputado.

A Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) considerou as declarações desrespeitosas e levianas. Segundo o órgão, elas atacaram, de modo generalizado, os empresários que atuam na operação do sistema de ônibus em todo o país, expondo o despreparo de Salomão para atuar como agente público.

A Fetranspor também destacou que todas as empresas que operam no município do Rio obedecem um contrato assinado entre a Prefeitura e os quatro consórcios vencedores da licitação realizada em 2010. Por isso, falar em “corpo mole” de empresários ou em cartel é má fé ou, na melhor das hipóteses, desconhecimento total de como se dá a operação de um setor que transporta diariamente milhões de passageiros.

"Ao acusar os empresários de ônibus de forma inconsequente, o interventor desqualifica a sua própria atuação, que, por sinal, ainda não foi capaz de mostrar resultados positivos três meses após ter assumido o comando do sistema BRT – que sofre com consequências provenientes de omissões e ações equivocadas por parte da própria Prefeitura", diz a nota.

Ela ainda ressaltou que para que haja a prestação de um serviço de qualidade aos usuários, o sistema necessita de infraestrutura urbana adequada, segurança pública, segurança jurídica, entre outros atributos que não são obtidos por meio de ataques gratuitos de representantes do poder público.

Além disso, o comunicado citou o cenário de profunda crise econômica  que atinge o Estado do Rio e que pressiona todas as atividades empresariais provocando um nível de desemprego assustador, que já levou ao fechamento de 14 empresas de ônibus só na cidade do Rio.

Em relação ao anúncio feito pela equipe de intervenção da Prefeitura do Rio, o Consórcio BRT Rio esclareceu que a atuação das empresas que formam os consórcios que operam o sistema municipal de ônibus é legal e tem como base a licitação pública feita pela Prefeitura em 2010. 

Para o BRT, a acusação de cartel é mais uma tentativa da intervenção de criar uma cortina de fumaça para fugir das responsabilidade e da falta de ação para melhorar a operação do BRT.  O consórcio lembrou que a suposição da falta de veículos, é resultado da omissão da Prefeitura na conservação das pistas, que provocam problemas diários na frota do BRT. A empresa afirma que os ônibus existem e estão nas garagens para manutenção devido às condições precárias das pistas. 

A nota também reprovou a medida de troca doa ônibus convencionais no lugar de articulados. Segundo a empresa, isso pode ser considerado um retrocesso para a mobilidade urbana, uma vez que descaracteriza um projeto adotado com sucesso em 171 cidades no mundo;
 
O BRT afirmou que a Prefeitura do Rio optou por abandonar um sistema que transporta mais de 500 mil passageiros por dia e esta omissão tem efeito direto nos passageiros, que são os mais prejudicados com a perda de vantagens do BRT.
 
"As ações anunciadas pela Prefeitura deixam claro o caráter político da intervenção, já que todas as medidas anunciadas referem-se somente às responsabilidades contratuais do governo municipal no sistema BRT. Além de não ter apresentado sequer à população o diagnóstico e soluções necessárias para retomada da operação, a intervenção atesta sua incompetência técnica e interesses meramente políticos ao anunciar a licitação de um sistema negligenciado pela Prefeitura", concluiu o posicionamento do BRT.

O que disse o interventor 

Além de confessar que não conseguirá cumprir o prazo inicial de seis meses de intervenção, em entrevista, Salomão fez outras declarações que geraram todo o desconforto. Para ele, as pistas deterioradas afastam investidores. Desse modo, uma opção seria retornar com a circulação dose ônibus convencionais.

Outro ponto levantado pelo interventor foi a ideia de um "cartel" que domina o transporte público do Rio de Janeiro. Isso também afastaria a possibilidade de investimentos de empresários de outros estados, pois eles temeriam entrar em um território controlado.

A população padece

Enquanto agentes públicos e representantes do sistema de transporte urbano da cidade estão em conflito, os problemas continuam sem data para acabar. Infelizmente, no dia a dia, quem sofre são os passageiros que dependem dos ônibus para se locomoverem pela cidade.  

A falta de consciência de parte dos usuários aliada a negligência do poder público transformaram não só o BRT, mas a grande maioria do serviço viário do Rio em um verdadeiro caos. Diariamente, coletivos superlotados, veículos em mau estado de conservação e a falta de carros assombram a rotina de milhões de pessoas. A insatisfação se tornou uma unanimidade.

A vendedora Carla Regina, 28, utiliza o sistema para trabalhar. Ela conta que, há muito tempo, enfrenta dificuldades e acredita que falta muito o que melhorar no modelo atual. 

"É bem difícil. A gente tem que ser muito guerreiro pra encarar ônibus cheio, gente estressada, carros deteriorados e estações depredadas. Ainda tem aqueles que não respeitam e querem pular as catracas. Falta muita coisa. Parece que estamos abandonados. Enquanto quem deveria mudar não faz nada, a população segue sem grandes expectativas. Isso sim, é lamentável", repudiou Carla.

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