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Mais veneno, menos honestidade

Por Jonas Feliciano em 09/07/2018 às 10:58:39

Divulgação: Pixabay

Parece que os nossos parlamentares continuam adotando a predileção dos próprios interesses para seguirem com suas confabulações e ideais obscuros. De fato, desde os primórdios da história do Brasil, a política é um jogo de vantagens. No entanto, anteriormente, os brasileiros talvez fossem menos interessados em algumas questões. E subestimados, engoliam qualquer absurdo sem grande alarde.

Por essa razão, um projeto de lei que pretendesse afrouxar as normas na utilização de agrotóxicos poderia passar desapercebido. Hoje, não mais.

Mas afinal, a quem interessa essa flexibilização? Quem realmente se preocupa com os bons hábitos alimentares ou com os alimentos servidos na nossa mesa?Será que a indústria e seus patronos ou os fabricantes de agrotóxicos?De repente, seriam aqueles que os representam no Congresso que pensariam no povo?

A verdade é que, de portas fechadas, alguns deputados federais decidiram que o tal projeto pode seguir em frente. Mais uma contradição dentro da lógica confusa que é a política brasileira. Onde não se pode falar em legalização da maconha ou do aborto, mas se pode servir comida envenenada para aumentar as cifras e os lucros do mercado ruralista

Vale destacar que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Enquanto outras nações tentam filtrar o uso dessas substâncias, nosso país permite a utilização de 14 produtos que já são proibidos mundialmente.Em 2015, uma pesquisa realizada em conjunto pela FioCruz, Abrasco e outros órgãos apontou que a contaminação está presente nos alimentos, no solo, na água e até no leite materno.

Em cada alimento ingerido, há um mix de diversas substâncias nocivas que são absorvidos pelo nosso organismo. A nutricionista pernambucana Simone Almeida, alerta que o consumo desses insumos contaminados representa um grande risco para saúde humana.

"O maior problema está na política de produção agrícola do Brasil. Por aqui, é mais visada à quantidade do que a qualidade dos alimentos. O lucro é o principal objetivo. Uma mudança radical exige uma nova definição do que é a segurança alimentar. Ela abrange tanto a qualidade quanto a quantidade", relembrou a profissional.

Para Simone, existem inúmeros efeitos colaterais provocados pelos agrotóxicos no corpo. Muitos alimentos são comercializados com altos índices de contaminação.

"É importante que os consumidores saibam o que estão comendo e qual o risco que esses alimentos oferecem. Desse modo, eles poderão optar pelos produtos orgânicos. Uma alternativa mais cara, porém mais saudável", recomendou.

O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) foi um dos 9 parlamentares que votaram contra o PL dos agrotóxicos. Depois da aprovação do relatório, ele e outros deputados conseguiram obstruir o projeto na Comissão Especial por dois meses.

"Nós conseguimos fazer essa obstrução inicial e vamos continuar quando chegar no plenário. Se aprovado na Câmara e depois no Senado, iremos ao Supremo Tribunal Federal. Afinal, essa legislação pretende permitir o registro de substâncias que comprovadamente causam câncer, má formação fetal e até mutação genética. Por isso, jamais poderia ter sido aprovado", afirmou Molon.

É importante lembrar que a proposta é de autoria do senador Blairo Maggi (PP-MT) e pretende alterar dois artigos da Lei 7.802/89 que dispõe, entre outras medidas, da experimentação, do controle e da fiscalização dos agrotóxicos.

O site 342 Amazônia divulgou uma lista com os 18 políticos que votaram a favor do projeto e dos seus respectivos contatos telefônicos. Até o fechamento desta coluna, nenhum se posicionou sobre o assunto. Além disso, um grupo de entidades lançou a petição pública "Chega de Agrotóxicos" e já conseguiu reunir mais de 1 milhão de assinaturas.

Logo, temos duas opções: resistirmos ou sermos devorados pelas verdadeiras pragas que ameaçam nossa dignidade humana

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